“A COP 30 não será a bala de prata no enfrentamento à crise climática, mas liderada pelo Brasil, pode ser uma virada de chave na construção de um futuro mais justo e sustentável”

 

Em meio à intensificação dos eventos extremos causada pelas emergências climáticas, o Brasil sediará em novembro a COP 30, o maior encontro multilateral da ONU e principal palco internacional para enfrentar o aquecimento global. Em que pese a importância da conferência, é preciso ter clareza de que esta, por si só, não trará todas as respostas que precisamos para garantir um meio ambiente equilibrado e recuperar condições dignas de vida no Planeta.

Se fizermos um balanço das principais conferências e acordos climáticos estabelecidos até hoje, notaremos que foram poucos os Países que se esforçaram ou cumpriram seus compromissos domésticos para redução de emissões de CO2. Mais do que isso, dias após a confirmação da Organização Meteorológica Mundial de que 2024 foi o ano mais quente já registrado, o presidente dos Estados Unidos assinou a retirada do País do acordo, pela segunda vez – Donald Trump havia feito o mesmo em 2017, no exercício de seu primeiro mandato.

Especialistas apontam que a ausência dos nossos vizinhos do Norte não deve interferir no cumprimento das metas, já que o País nunca esteve comprometido efetivamente com as mesmas. A retirada dos Estados Unidos tem, no entanto, forte peso político, fator este que se mostra o calcanhar de Aquiles da Conferência. Como fazer com que todos os países membros cumpram de fato seus compromissos, adotando metas mais ambiciosas em alguns casos, quando grandes emissores, países ricos que deveriam aportar mais recursos, estão se eximindo de suas responsabilidades?

É nesse ponto que entra o Brasil e a importância de sediarmos a COP 30 em Belém. A partir da credibilidade internacional que o Governo Lula já alcançou, especialmente nas questões ambientais, da nossa sociobiodiversidade e de todas as potencialidades do País, temos uma grande oportunidade de conduzir o mundo em um processo que se mostra tão imprescindível quanto incerto. A COP 30, portanto, não será a bala de prata no enfrentamento à crise climática, mas liderada pelo Brasil, pode ser uma virada de chave na construção de um futuro mais justo e sustentável.

 

Nilto Tatto é deputado federal (PT-SP)

 

 

 

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Last Update: 26/03/2025