A mais recente glória conquistada pelo esporte brasileiro cabe, sem dúvida, à judoca Beatriz Souza.

A medalhista olímpica de 2024 alcançou, neste mês de fevereiro, a primeira posição no ranking mundial de judô na mesma categoria.

Ela ultrapassou a francesa Romane Dicko, sua adversária na semifinal olímpica, e a israelense Raz Hershko, que ficou com a prata nos Jogos Olímpicos de Paris.

Lembrei-me até, ao saber de mais essa conquista de Bia, da mensagem que recebi recentemente de um colega da Escola de Educação Física, professor de ­Capoeira radicado na Holanda.

Ele dizia, na mensagem: “Os políticos não incluem o ensino de Artes Marciais nas escolas porque sabem que um povo forte e disciplinado não se dobra com facilidade”. Fiquei pensando sobre isso.

No futebol, além da classificação da Seleção sub-20 para o próximo Mundial, que será disputado no Chile, entre setembro e outubro deste ano, o outro assunto que segue rendendo muita discussão é a volta de Neymar ao Brasil, para atuar no Santos.

Dentro de campo, Neymar tem cumprido seu papel: retomar o ritmo de jogo de maneira tranquila, certamente com os olhos voltados para a próxima Copa do Mundo, que, provavelmente, será a sua última.

Ele vem somando minutos de jogo passo a passo, visando o melhor desempenho possível, dentro de suas limitações.

Fora de campo, uma entrevista de Jorge Jesus, seu técnico na equipe árabe, traz boas reflexões sobre o momento atual do futebol.

Eu, pessoalmente, guardava na memória as conquistas de Jorge Jesus no Flamengo, mas pouco sabia sobre sua personalidade. Agora, ele revela-se um homem de caráter, com declarações que demonstram sua honestidade.

Sobre Neymar, que teve uma passagem relâmpago pela Arábia Saudita, Jesus falou de forma direta, como é típico de muitos portugueses.

“Sim, Neymar saiu triste do Al ­Hilal, principalmente comigo”, disse. E foi além: “Às vezes, pergunto a mim mesmo como não consegui fazer esse supercraque dar certo (…) É o melhor jogador com quem trabalhei”.

E disse tudo isso de forma transparente, algo raro no mundo do futebol.

Com o tempo, acredito que essa situação ficará mais clara para todos, assim como a atitude de Jorge Jesus ao recusar a transferência para o Manchester United.

Ele afirmou: “Não tive coragem de ir embora”. Outra evidência do caráter firme, de alguém que não se deixa levar pelo “canto da sereia”.

O problema de Neymar foi perder o foco. A palavra foco está, hoje, um tanto desgastada, mas às vezes ela é inescapável. E me parece ser aqui o caso.

Vamos torcer para Neymar reencontrar o foco nesta sua volta para casa, e seguir os passos de seu maior ídolo e de seu companheiro de Barcelona, Lionel ­Messi, que conseguiu fechar com glória o ciclo de sua última Copa.

Neymar optou pelo “negócio das Arábias”, mas, agora, ao contrário do que disse um cartola, “o menino está voltando”.

Só nos resta ter esperança em seu amadurecimento e por mais uma Copa do Mundo que recoloque o nosso futebol nos trilhos.

Durante a entrevista, Jorge Jesus também se manifestou com clareza sobre a tal “intensidade”, palavra de ordem no futebol atual, que tantas vezes comento aqui.

Ele a desmitificou: “É uma falsa questão. O que determina isso é a qualidade dos jogadores e o gramado”. Essa fala valoriza, em primeiro lugar, o jogador, o que nos leva a um ponto crucial.

O que realmente emociona o torcedor em um jogo de futebol é a capacidade técnica e criativa, a arte de jogar.

Isso não significa minimizar a importância da condição física – sabemos ser ela essencial. Mas, no fim das contas, os jogadores que se destacam são os mais criativos e bem preparados.

Dirigentes e comissões técnicas precisam entender isso, especialmente neste momento de desencanto dos torcedores.

No futebol mundial, segue o espanto diante do mau momento do Manchester City – de certa forma semelhante ao do Botafogo por aqui.

Neste momento, Manchester City e Real Madrid enfrentam-se pela decisão da Champions League.

Ambos, no entanto, apresentam jogadores em mau estado físico, devido a lesões, algo que é lamentado e combatido por seus treinadores e pelos responsáveis pela saúde dos atletas. •

Publicado na edição n° 1349 de CartaCapital, em 19 de fevereiro de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A busca de Neymar’

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 13/02/2025