A fabricante norte-americana de semicondutores Nvidia está desenvolvendo um novo chip de inteligência artificial (IA) voltado exclusivamente para o mercado chinês.

A iniciativa tem como objetivo contornar as restrições de exportação impostas pelo governo dos Estados Unidos, mantendo a atuação da empresa no segundo maior mercado do setor. A informação foi divulgada pelo site The Information nesta segunda-feira, 2.

Segundo o relatório, a Nvidia planeja fabricar mais de um milhão de unidades do novo chip, identificado como B30, ainda em 2025.

O projeto inclui a possibilidade de conectar várias unidades em clusters, voltados à formação de sistemas de computação de alto desempenho. A companhia, com sede em Santa Clara, na Califórnia, não comentou oficialmente o conteúdo do relatório.

Durante uma conferência de resultados na semana anterior, o presidente e CEO da Nvidia, Jensen Huang, afirmou que a empresa estava “considerando” a produção de um novo chip para o mercado chinês, mas disse, na ocasião, que ainda não havia detalhes disponíveis.

Já uma nota técnica do banco Jefferies, divulgada nesta segunda-feira, indica que o lançamento está previsto para julho e que a arquitetura do B30 será baseada na plataforma Blackwell, anunciada no ano passado.

As especulações sobre o novo chip começaram após o anúncio de novas restrições dos EUA em relação aos modelos H20, desenvolvidos anteriormente pela Nvidia para atender clientes chineses.

Em abril, a empresa informou que foi notificada pelo governo norte-americano sobre a necessidade de licenças específicas para exportar esses chips à China. Posteriormente, foi comunicada de que tais regras seriam mantidas por prazo indefinido. Não há informações sobre o número de licenças que podem ser concedidas.

Como consequência das medidas, a Nvidia projeta uma perda de receita de US$ 8 bilhões no segundo trimestre de 2025. No trimestre anterior, a companhia já havia registrado prejuízo de US$ 4,5 bilhões, atribuídos ao acúmulo de estoques e compromissos de aquisição relacionados ao modelo H20.

Em resposta às restrições, a empresa adotou a estratégia de desenvolver chips que se aproximem ao máximo dos limites técnicos permitidos pela regulamentação norte-americana, mantendo a legalidade de sua comercialização no mercado chinês.

O CEO da Nvidia tem reforçado, em diversas ocasiões, o compromisso da empresa com a China, responsável por 14% da receita global da companhia em 2024. Huang também alertou que restrições adicionais poderiam favorecer concorrentes locais, especialmente a Huawei Technologies.

Segundo Huang, a Huawei tem ampliado seus investimentos em chips de IA e vem reduzindo a distância tecnológica em relação à Nvidia. Em declarações recentes ao portal Stratechery, o executivo classificou a empresa chinesa como “uma das companhias de tecnologia mais formidáveis do mundo” e afirmou que o objetivo das restrições impostas pelos EUA é “profundamente desinformado”.

Ainda segundo Huang, as limitações impostas às empresas norte-americanas no mercado chinês podem acelerar o desenvolvimento de um ecossistema tecnológico alternativo que exclua fornecedores dos Estados Unidos. Ele defendeu que a concorrência seja preservada como forma de manter o equilíbrio tecnológico global.

A Huawei tem promovido sua própria plataforma de computação de alto desempenho, com base no processador Ascend AI, e apresentado sua arquitetura Supernode 384 como alternativa ao sistema NVL72 da Nvidia. Essa estrutura busca solucionar gargalos de desempenho em centros de dados.

O avanço da tecnologia da Huawei tem chamado a atenção de autoridades norte-americanas. No mês passado, o governo dos Estados Unidos emitiu novas orientações que classificam o uso dos chips Ascend AI da Huawei “em qualquer lugar do mundo” como violação dos controles de exportação, evidenciando o nível de competição entre as duas empresas.

A movimentação da Nvidia ocorre em um contexto de crescente tensão entre Washington e Pequim no setor de semicondutores e inteligência artificial.

Os Estados Unidos têm intensificado as restrições ao fornecimento de componentes avançados à China, sob o argumento de segurança nacional. A China, por sua vez, tem investido no desenvolvimento de capacidades autônomas para reduzir sua dependência de tecnologias estrangeiras.

A expectativa é que o lançamento do chip B30 em julho represente uma tentativa da Nvidia de manter presença em um mercado estratégico, adaptando seus produtos às exigências regulatórias vigentes. Até o momento, a empresa não divulgou detalhes técnicos completos sobre o novo modelo, nem confirmou oficialmente sua data de lançamento.

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Last Update: 02/06/2025