
Uma investigação da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro expôs o desvio de R$ 1,4 milhão em um esquema ilegal envolvendo o Corinthians e a casa de apostas Vai de Bet, patrocinadora do clube em 2024. O relatório, obtido pelo SBT, aponta conexões entre dirigentes do clube paulista e membros do crime organizado.
Segundo as apurações, o valor foi pago como uma comissão irregular relacionada ao contrato de patrocínio. As movimentações financeiras foram rastreadas por meio da quebra de sigilos bancários, revelando que o montante saiu das contas do Corinthians e chegou a uma conta denunciada ao Ministério Público por Antônio Vinícius Gritzbach — assassinado posteriormente por ordem de traficantes.
De acordo com um Relatório Técnico de Análise de Dados Financeiros, o desvio ocorreu em duas transferências de R$ 700 mil, realizadas em março de 2024. O dinheiro foi destinado à empresa Rede Social Media Design, pertencente a Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, que trabalhou na campanha de Augusto Melo à presidência do Corinthians.
A Rede Social Media Design repassou os valores para a Neoway Soluções Integradas, uma empresa fantasma registrada no nome de uma jovem de 23 anos moradora da periferia de Peruíbe, no litoral sul de São Paulo. No dia 26 de março de 2024, a Neoway transferiu R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas.

Na etapa final do esquema de lavagem de dinheiro, a Wave repassou R$ 874.150 para a UJ Football Talent Intermediação. A empresa foi citada em acordo de delação premiada por Gritzbach, que identificou Danilo Lima, o “Tripa”, como o verdadeiro dono da UJ, embora ele não figure oficialmente como sócio. Tripa também já havia sido investigado por envolvimento no sequestro de Gritzbach em 2022.
A UJ, segundo a delação, atua no agenciamento de jogadores como Éder Militão, zagueiro da seleção brasileira e do Real Madrid — que, no entanto, não possui qualquer envolvimento com o esquema.
A investigação revelou ainda que R$ 525 mil ficaram pelo caminho como pagamento de comissões durante o processo de lavagem de dinheiro. Além de Alex Cassundé e do presidente Augusto Melo, outros diretores do Corinthians estão sendo investigados por crimes como furto qualificado e lavagem de dinheiro.
Diante das irregularidades, a Vai de Bet rescindiu o contrato de R$ 360 milhões com o Corinthians, após a descoberta da comissão não prevista no acordo original.
Em nota oficial, o Corinthians afirmou que “não tem responsabilidade por qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja na conta bancária do clube” e que não comentará o caso, que tramita sob segredo de Justiça.
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