
O acesso a saneamento básico continua sendo uma das maiores chagas sociais do Brasil — e as políticas de privatização, que se intensificaram desde os anos 1990, não apenas não entregaram o que prometeram, como aprofundaram desigualdades e precarizaram o serviço.
Dados divulgados recentemente pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) – estado que sofreu com o avanço das privatizações em 2021 – mostram que as internações por doenças relacionadas à falta de saneamento chegam a ser 20 vezes maiores em municípios com desenvolvimento crítico, em comparação aos mais desenvolvidos. O impacto é direto na saúde, na educação e nas condições de vida de milhões de brasileiros, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
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E mais: em cidades com menor acesso ao saneamento, o número de médicos por mil habitantes é quase sete vezes menor, e o índice de gravidez na adolescência chega a 41%, um indicativo claro da ausência de políticas públicas estruturantes — que o setor privado não tem interesse em oferecer.
Essa realidade expõe o fracasso do discurso neoliberal, que prometia eficiência, investimento e universalização dos serviços com a entrada da iniciativa privada no saneamento. O que se viu, no entanto, foi o contrário: tarifas mais altas, queda na qualidade, lucros para poucos e exclusão para milhões.
O Sintaema denuncia essa falácia da privatização. E aponta caminhos: onde o saneamento segue público e sob gestão comprometida com o interesse coletivo, os resultados são concretos e positivos.
📍 Maringá (PR), com serviço público pela autarquia Sanepar, apresenta 99,7% de cobertura de água e 98,5% de esgoto tratado, segundo dados do SNIS.
📍 Ribeirão Preto (SP), onde o serviço é operado pelo Departamento de Água e Esgoto (DAERP), tem cobertura de água em 100% da área urbana e está em processo avançado de ampliação da rede de esgoto, mantendo o controle público e tarifas acessíveis.
📍 Piracicaba (SP), com gestão da autarquia SEMAE, já atingiu 100% de tratamento do esgoto coletado, com resultados reconhecidos em rankings nacionais.
Esses casos provam que o problema do saneamento no Brasil não é a presença do Estado, mas a ausência de políticas públicas com investimento adequado e gestão responsável.
O Sintaema segue na luta contra a entrega do saneamento ao capital privado. Água e esgoto não são mercadorias. São direitos fundamentais, que devem ser garantidos com controle social, transparência e prioridade para quem mais precisa.
Reafirmamos nosso compromisso com o fortalecimento dos serviços públicos de saneamento e com um projeto de país que coloque a dignidade das pessoas acima do lucro das empresas.
Privatizar é excluir. Universalizar é democratizar.
Sintaema: ao lado da classe trabalhadora, em defesa da água e da vida.