Najati Sidqi nasceu em Jerusalém, em uma família tradicional da cidade. Seu pai, Bakr Sidqi, era professor de turco e um homem de grande apreço pelas artes — pintura, música e teatro —, o que influenciaria de forma decisiva a formação intelectual do filho. Sua mãe, Nazira Murad, também era originária de Jerusalém. O avô paterno de Sidqi havia sido oficial do Exército Otomano, com a patente de alay amini (coronel de regimento), e depois de passagens por Damasco e Beirute, estabeleceu-se definitivamente em Jerusalém. Najati tinha um único irmão, Ahmad.

Ainda adolescente, ao final da Primeira Guerra Mundial, acompanhou o pai em uma missão militar para combater os wahabitas no Hijaz, sob as ordens do Emir Faisal. A expedição fracassou, e a família retornou à Palestina, passando antes pela Síria e pelo Egito. Foi no Cairo que o jovem Najati teve seu primeiro contato com o teatro moderno, especialmente com a trupe do ator libanês Naguib al-Rihani, que combinava comédia e crítica social. A experiência teatral marcaria sua sensibilidade literária para sempre.

Ao retornar a Jerusalém, em 1924, ingressou no Departamento de Correios e Telégrafos da administração britânica. Nesse ambiente, conheceu militantes do movimento comunista, em sua maioria judeus recém-chegados à Palestina, com quem travou contato político e ideológico. No ano seguinte, foi enviado a Moscou pela direção do Partido Comunista da Palestina para estudar na Universidade Comunista dos Trabalhadores do Oriente (KUTV), uma instituição criada pela Internacional Comunista (Comintern) com o objetivo de formar quadros revolucionários nos países coloniais e semicoloniais.

Durante os três anos em que permaneceu na União Soviética, Sidqi aprendeu russo fluentemente e estudou filosofia materialista, economia política e história dos partidos operários revolucionários. Em fevereiro de 1929, defendeu sua tese de conclusão de curso, intitulada O movimento nacional árabe da Revolução Constitucional ao período da Frente Nacional, e retornou à Palestina a pedido do Comintern. Sua missão era clara: colaborar com a “arabização” do Partido Comunista da Palestina, que até então era dominado pelos militantes judeus e não possuía popularidade entre a população árabe do país. Sidqi passou a ser conhecido nos círculos internacionais pelo nome Mustafa Sa‘di.

Com a mulher, uma judia ucraniana chamada Lutka, e a filha Dawlat, Sidqi instalou-se em Jerusalém. No congresso do partido realizado em dezembro de 1930, foi eleito membro do Comitê Central e designado editor do jornal clandestino Ilal-Amam (Avante), principal órgão de propaganda da organização. Em fevereiro de 1931, foi preso pelas autoridades britânicas, junto de seu camarada Mahmoud al-Atrash al-Mughrabi, e condenado a dois anos de prisão, que cumpriu em centros de detenção em Jerusalém, Jafa e na cidadela de Acre. Ao ser libertado, permaneceu sob vigilância policial por seis meses.

Em junho de 1933, a Internacional Comunista o destacou para Paris, onde passou a dirigir a revista mensal Al-Sharq al-‘Arabi (O Oriente Árabe), voltada à militância comunista nos países árabes. O primeiro número saiu em setembro daquele ano e a publicação circulou clandestinamente em diversos países, até ser encerrada pelas autoridades francesas em meados de 1936. Foi em Paris que Sidqi iniciou sua produção de contos, gênero no qual mais tarde se consagraria.

Com o fechamento da revista, o Comintern o convocou a Moscou e, em seguida, o enviou para Tashkent, no Uzbequistão soviético, para estudar de perto a política da URSS para a “questão nacional”. Em agosto de 1936, foi deslocado para a Espanha, onde eclodira a guerra civil. Sua missão era realizar agitação entre os soldados marroquinos recrutados pelas tropas fascistas de Francisco Franco.

No final de 1936, foi enviado para a Argélia com o objetivo de instalar uma rádio de propaganda comunista voltada ao norte da África, mas o projeto fracassou. Em abril de 1937, Sidqi se estabeleceu entre Beirute e Damasco, colaborando com o Partido Comunista Sírio-Libanês e escrevendo para os jornais Sawt al-Sha‘b (A Voz do Povo) e Al-Tali‘a (A Vanguarda). Entrou em conflito com setores da direção local do partido e teve sua atividade suspensa. Passou então a se dedicar à grande imprensa, trabalhando como jornalista em periódicos como Al-Nahar, Al-Jumhur e Al-Marahil al-Musawwara.

Foi durante esse período que Sidqi rompeu com a burocracia stalinista em razão de sua discordância com o pacto de não agressão assinado entre a Alemanha nazista e a União Soviética em 1939. Por essa posição, foi expulso do partido. Retornou à Palestina e passou a trabalhar na emissora Near East Broadcasting Service, dirigida pelas autoridades britânicas.

A partir dos anos 1940, dedicou-se integralmente à literatura e à tradução. Escreveu contos e estudos literários publicados em revistas de Beirute e do Cairo, como Al-Adib, Al-Risala e Al-Kitab. Publicou livros sobre autores russos, como Púchkin (1945) e Tchekhov (1947), pela editora Dar al-Ma‘arif. Após a catástrofe de 1948, a Nakba, a rádio foi transferida para o Chipre, e Sidqi se estabeleceu em Limassol até 1950. De lá, mudou-se para Beirute, onde retomou sua atividade como tradutor, cronista e escritor.

Em 1976, partiu para Atenas para viver com sua filha Hind. Ali faleceu em 1979 e foi enterrado.

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Last Update: 08/05/2025