A presidente do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), conduziu um debate sobre o tema “O novo mundo do trabalho” na última edição do programa “PT Conexões Brasil”, exibido pela TVPT na noite de quarta-feira (3).

O encontro contou com a participação de Darin Kerin, doutor em Economia Social e Economia do Trabalho, e Clemente Ganz Lúcio, da Coordenação do Fórum das Centrais Sindicais e do Conselho da Oxfam Brasil.

A presidenta do PT abriu o programa destacando a relevância do tema para a sociedade brasileira contemporânea. “É muito importante entendermos como o novo mundo do trabalho está se estruturando”, afirmou.

Ela ressaltou que o PT, com seus 44 anos de história, sempre se adaptou às mudanças sociais e políticas, mas é necessário um olhar aprofundado sobre as atuais transformações no mercado de trabalho.

Entendimento do novo mundo

Darin Kerin começou sua fala enfatizando dois pressupostos fundamentais para entender o novo mundo do trabalho. Primeiro, ele destacou que vivemos uma crise sistêmica abrangente, que afeta a economia, a política, o meio ambiente e os valores sociais.

“Não é sem razão que os organismos internacionais mostram uma perda de credibilidade das instituições”, observou Krein.

Segundo, ele argumentou que o trabalho continua a ser central na resolução dos problemas sociais, mas que as soluções não podem repetir as fórmulas do passado, dadas as profundas transformações no mundo do trabalho.

“A nossa concepção é que é impossível pensar uma sociedade organizada sem considerar a centralidade do trabalho”, afirmou.

Transformações tecnológicas: As inovações tecnológicas alteram as ideias o modo de viver e trabalhar, gerando um trabalho mais heterogêneo e polarizado. “As mudanças tecnológicas são resultados de relações sociais e de poder”, explicou.

Desafios econômicos e extraeconômicos: A solução para o problema do emprego exige iniciativas além da economia, dada a dimensão do desemprego e da informalidade no Brasil. “Pensar a solução do problema do emprego vai além da discussão econômica”, disse.

Proteção social: Atualmente, uma grande parcela dos trabalhadores não tem acesso aos direitos trabalhistas, o que exige novas formas de inclusão no sistema de proteção social. “Temos um contingente muito expressivo de pessoas que estão fora da relação de assalariamento clássico”, destacou.

Novas formas de sociabilidade: O empreendedorismo e o crescimento das igrejas mudam as concepções sobre o trabalho e as formas de solidariedade. “As igrejas redefinem as concepções sobre o trabalho na sociedade”, exercita.

Organização coletiva: Os sindicatos enfrentam uma crise de representatividade e precisam se reinventar para embarcar nas novas classes trabalhadoras. “O movimento sindical brasileiro passa por um processo de crise e fragilização”, afirmou.

Desigualdade: A desigualdade no mundo do trabalho é exacerbada por fatores de classe, raça e gênero. “Temos um mundo de trabalho extremamente desigual”, disse Krein.

Crise climática: A transição para uma economia sustentável pode criar novas oportunidades de trabalho. “A crise climática coloca desafios e oportunidades para a geração de empregos”, observa.

Saúde do trabalhador: As novas pressões no trabalho resultam em doenças psicológicas, destacando a necessidade de políticas de saúde voltadas aos trabalhadores. “As principais doenças de hoje são psíquicas, como angústia e depressão”, concluiu Krein.

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Organização dos trabalhadores

Clemente Ganz Lúcio complementou as colocações de Krein, destacando a importância da solidariedade e da organização coletiva.

“O desafio é gerar uma resposta de solidariedade no novo contexto produtivo”, afirmou.

Ele enfatizou que a fragmentação do sistema produtivo contemporâneo exige novas formas de resposta política e organizativa dos trabalhadores. “Precisamos descobrir como gerar solidariedade necessária para enfrentar o novo contexto”, disse.

Ganz Lúcio também abordou a necessidade de pensar novas formas de proteção social que envolvem mudanças no mercado de trabalho, como a proteção previdenciária universal e a integração dos diversos programas de assistência existentes.

“Temos instrumentos muito próximos de uma proteção universal, mas desarticulados”, explicou.

Ele defendeu que o Estado deve ter um papel preponderante na organização e planejamento dessas novas políticas. “O Estado pode inovar na definição de emprego e na proteção dos trabalhadores”, afirmou.

O debate desta edição do PT Conexões Brasil destacou que é fundamental voltar às bases, organizar e conscientizar os trabalhadores para enfrentar os desafios do novo mundo do trabalho.

A regulamentação do trabalho em plataformas digitais, por exemplo, deve ser discutida amplamente com a sociedade para garantir a proteção dos trabalhadores sem comprometer suas condições de trabalho. “É essencial fazer grandes debates plenários com esses trabalhadores”, sugeriu Krein.

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Última Atualização: 04/07/2024