O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) completa neste sábado (12) 84 horas em greve de fome, em protesto contra o processo de cassação de seu mandato, aberto após um episódio em que expulsou, com chutes e empurrões, um manifestante do MBL das dependências da Câmara. Desde quarta-feira (9), o parlamentar está dormindo no Plenário 5, onde ocorreu a reunião do Conselho de Ética que aprovou o parecer recomendando a cassação.
Apesar do jejum, Glauber tem recebido acompanhamento médico diário. De acordo com o médico Bernardo O. Ramos, responsável pelo monitoramento, o deputado apresenta sinais vitais estáveis e pressão dentro dos parâmetros normais, mesmo com “algum abatimento”. A equipe que o acompanha tem garantido a hidratação com água, isotônicos e água de coco. Na manhã deste sábado, o deputado ingeriu meio litro de isotônico.
A rotina do parlamentar tem sido marcada por longas madrugadas — nesta sexta (11), ele assistiu a um episódio da série Black Mirror e conversou com servidores da Casa que trabalham no período noturno. Glauber tem dormido, em média, quatro horas por noite e, segundo sua equipe, neste sábado dedicará parte do dia à convivência com a família, que tem se revezado no apoio presencial.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, tem criticado a falta de solidariedade dos líderes partidários diante do protesto. “O Glauber disse mais cedo que ele vai ‘até essa injustiça acabar’, e eu não posso crer que os líderes da Câmara naturalizem que tem uma pessoa em greve de fome aqui dentro e não sentem para dialogar”, afirmou.
Aliados também reclamam do silêncio do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), responsável por pautar a votação no plenário que decidirá se o deputado perderá ou não o mandato. “Desde a manhã de quarta-feira, o presidente não responde a nenhum telefonema, nem da nossa líder, nem dos nossos deputados, nem do líder do PT”, disse Sâmia.
A defesa de Glauber aponta que o processo no Conselho de Ética ignorou alternativas mais brandas previstas no Código de Ética da Casa, como censura ou suspensão temporária. Para os apoiadores, trata-se de uma punição desproporcional motivada por razões políticas. Um novo vídeo com declarações do deputado será publicado nas redes sociais ainda neste sábado. A próxima atualização oficial da equipe de imprensa está prevista para as 19h.
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