O governo do presidente norte-americano Donald Trump demonstrou intenção de por fim ao apoio financeiro dos Estados Unidos à Gavi, organização que compra vacinas essenciais para crianças em países em desenvolvimento. A medida impactaria ainda o combate à malária, uma das principais causas de mortes de crianças no mundo.
Apesar do corte, programas voltados à distribuição de medicamentos para o tratamento de HIV e tuberculose devem ser mantidos, assim como a ajuda alimentar para países em guerras civis ou que enfrentam desastres naturais.
A informação está em uma planilha da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, enviada ao Congresso na última segunda-feira (24). No documento está descrito ainda os cortes aplicados à Usaid, que deve manter apenas 869 dos seis mil funcionários na organização e que suspendeu a maior parte dos financiamentos que a entidade mantinha, com redução de US$ 40 bilhões no orçamento anual da instituição.
De acordo com um porta-voz do governo, as rescisões foram executadas porque conflitavam “com o interesse nacional ou com as prioridades da política da agência”.
O documento demonstra ainda que entre os programas encerrados está o financiamento para a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que realiza vigilância para doenças que podem ser transmitidas de animais para humanos, incluindo a gripe aviária, em 49 países.
Para Austin Demby, ministro da saúde de Serra Leoa, que conta com o apoio da Gavi para ajudar a comprar vacinas contra a malária, a decisão de encerrar o financiamento de programas de saúde e de assistência social será sentida em todo o mundo.
“Esta não é apenas uma decisão burocrática, há vidas de crianças em jogo, a segurança da saúde global estará em jogo”, disse ele. “Apoiar a Gavi em Serra Leoa não é apenas uma questão de Serra Leoa, é algo que beneficia a região, o mundo.”
Nos últimos 25 anos, estima-se que a Gavi salvou a vida de 19 milhões de crianças, sendo que o financiamento dos EUA corresponde a 13% do orçamento da instituição.
Até 2030, estavam previstos os repasses de US$ 2,6 bilhões para a compra de vacinas, montante prometido pelo governo Joe Biden.
Sem a verba, os programas de imunização contra sarampo e poliomielite também serão comprometidos. De acordo com os cálculos da Gavi, 75 milhões de crianças não receberão vacinas nos próximos cinco anos, o que deve resultar em 1,2 milhão de mortes.
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