O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, elevou o sigilo ao caso que tramita na Corte sobre o empresário José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”.
Antes, a apuração que mira um esquema de desvio de emendas parlamentares e pode atingir a cúpula do União Brasil, tramitava em segredo de justiça. Ela agora é classificada como ‘sigilo total’ e apenas o Ministério Público, o juiz e servidor autorizado passam a ter acesso aos documentos do processo.
A investigação da chamada operação Overclean apura fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro em contratos de engenharia, com movimentações suspeitas que chegam a 1,4 bilhão de reais.
Um dos pivôs da investigação é José Marcos de Moura. Conhecido como o “Rei do Lixo”, ele integra a executiva do União Brasil, indicado ao posto pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, e chegou a ser preso pela PF.
Durante a operação, os agentes encontraram no cofre do empresário uma escritura de uma transação imobiliária feita com Elmar. Uma planilha localizada pelos investigadores aponta que o esquema atingia pelo menos 12 estados, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro.
O inquérito policial surgiu após uma notícia-crime da Controladoria-Geral da União listar suspeitas de irregularidades em contratos firmados entre a coordenação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas na Bahia (Dnocs) e a empresa Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda.
O caso foi enviado para análise do Supremo em 16 de janeiro, após identificação de menções ao deputado federal Elmar Nascimento (BA), líder do partido na Câmara, nas provas obtidas pela PF.
Primo de Elmar, o vereador de Campo Formoso (BA) Francisquinho Nascimento (União) foi um dos alvos da primeira fase da operação, em dezembro. A Overclean despertou apreensão em parte do mundo político após a PF apreender 1,5 milhão de reais, além de anotações e planilhas em uma aeronave que ia de Salvador a Brasília.