Na última quarta-feira (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um pacote econômico que representa um ataque frontal aos trabalhadores brasileiros. Sob a justificativa de garantir o equilíbrio fiscal, o plano submete o povo às exigências do mercado financeiro, com cortes em gastos sociais e medidas que agravam ainda mais as condições de vida das camadas mais vulneráveis da população.
Haddad, agora o principal artífice da política neoliberal dentro do governo, cedeu completamente às pressões dos banqueiros e especuladores, ignorando as demandas dos trabalhadores e até mesmo os compromissos de campanha de Lula.
Entre as medidas mais graves, está a imposição de um teto para os reajustes do salário mínimo, algo inédito. Em um país onde o salário mínimo já é um dos mais baixos do mundo — inferior ao da Bolívia —, essa política retirará mais de R$109 bilhões da renda dos trabalhadores em cinco anos, penalizando principalmente aposentados e pensionistas. O plano também limita o acesso ao Abono Salarial, reduzindo o benefício para trabalhadores que ganham até 1,5 salário mínimo, o que significará uma perda de R$18 bilhões para os mais pobres.
O pacote Haddad vai além ao atacar o Bolsa Família, programa crucial para milhões de brasileiros. Entre as exigências, estão recadastramentos obrigatórios, biometria e até visitas domiciliares para confirmar elegibilidade. Essas medidas, dignas de uma política de perseguição aos pobres, devem excluir milhões de beneficiários, resultando em um confisco de R$35 bilhões nos próximos anos.
Para idosos e pessoas com deficiência que dependem do Benefício de Prestação Continuada (BPC), o plano impõe um verdadeiro calvário. Exigências desumanas e verificações arbitrárias pelo INSS visam excluir o maior número possível de beneficiários, deixando centenas de milhares de pessoas desamparadas.
Não se trata de uma simples reorganização de gastos, mas de uma política de confisco descarada, que pune os mais frágeis.
Enquanto corta dos trabalhadores, Haddad oferece migalhas em troca. A proposta de ampliar a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$5 mil mensais é insuficiente e será votada apenas após os cortes. Mesmo que aprovada, não cobre a defasagem da tabela desde o golpe de 2016. A promessa de campanha de Lula era isenção para salários de até cinco vezes o mínimo, mas o pacote ignora essa meta.
A tão propagandeada taxação sobre os super-ricos é outro exemplo da timidez — ou pior, da cumplicidade — do plano com os interesses do capital. A proposta de tributar quem ganha mais de R$600 mil anuais apenas visa implementar uma alíquota de 10%, menos do que pagam trabalhadores que recebem dois salários mínimos. Mesmo essa medida está condicionada a aprovação futura, o que reforça a prioridade de Haddad em atender ao mercado antes de qualquer compromisso social.
Além disso, o plano inclui cortes nos orçamentos da saúde e educação, setores já fragilizados, enquanto o Banco Central, sob Gabriel Galípolo e Roberto Campos Neto, entrega bilhões aos bancos por meio de aumentos na taxa de juros. A política econômica de Haddad é, na prática, uma continuidade dos ataques promovidos por Bolsonaro e FHC.
A condução econômica de Haddad é inaceitável. Longe de colocar o povo no orçamento, como prometido na campanha, o pacote exclui ainda mais os trabalhadores e acaba com seus direitos.
Lula precisa tomar as rédeas da política econômica e interromper essa política de ajustes que beneficia apenas os banqueiros. Continuar nesse caminho é desmoralizar o governo diante das massas e abrir caminho para o retorno da extrema direita ao poder.
A esquerda e as organizações dos trabalhadores, como a CUT e setores do PT, têm o dever de repudiar o Plano Haddad. Não se trata de enfraquecer o governo, mas de salvá-lo de um desastre anunciado.
O enfrentamento com o mercado financeiro é inevitável. Ceder a ele significa não apenas trair as promessas de campanha, mas também abandonar milhões de brasileiros à própria sorte.