O crescimento do empresário Paulo Marçal (PRTB) na disputa pela prefeitura de São Paulo tem provocado reações contraditórias na família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Enquanto o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) oscilam entre críticas e gestos de aproximação ao candidato, o senador Flávio Bolsonaro (PL) mantém uma postura mais cautelosa, reconhecendo semelhanças entre Marçal e seu pai, o ex-presidente.
Nos últimos dias, o ex-presidente adotou uma postura ambígua em relação ao candidato. Apesar de ter elogiado às vésperas da campanha, Bolsonaro pediu votos para o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), cuja popularidade tem diminuído entre os seus seguidores. Na quarta-feira (28), o ex-presidente autorizou a participação de Marçal em um ato organizado por seus apoiadores no dia 7 de Setembro, que também contará com a presença de Nunes.
Antes da autorização do clã Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, organizador da manifestação, havia vetado a presença do coach. O líder religioso se irritou com Marçal após uma suposta desautorização das críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o mote do ato. “Ele tentou jogar uma cortina de fumaça em cima das denúncias, dizendo que desconfia quando todo mundo está contra alguém. Lá [na manifestação] não é o lugar para ele”, afirmou o pastor.
Carlos, que já havia sugerido apoio a Marçal em um eventual segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL), expressou sua satisfação após uma conversa com o candidato do PRTB. Em sua conta no X, antigo Twitter, Carlos escreveu: “Expusemos nossos pontos e fico feliz em ter a consciência que queremos rumar nas mesmas direções quando falamos de Brasil”.
O coach também comentou sobre o encontro em entrevista ao podcast Flow, mencionando que a conversa foi intermediada pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
Essa reaproximação contrasta com o histórico de tensões entre os dois. Na campanha de 2022, quando Marçal tentou se aproximar de Bolsonaro no segundo turno, Carlos o acusou de agir em benefício próprio, chamando-o de “malandrão”. Depois, o influenciador, por sua vez, culpou o filho “zero dois” do ex-presidente pelo fracasso de uma estratégia que teria sido planejada para ajudar Bolsonaro nas redes sociais.
O senador Flávio, por outro lado, tem evitado se envolver diretamente na ofensiva contra Marçal. Em uma reunião com governadores que pretendem disputar a Presidência em 2026 com o apoio de Bolsonaro, ele foi questionado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a importância de apoiar Nunes. Flávio respondeu que Marçal, assim como seu pai, “tem fãs, o que é diferente de ter eleitores”, e destacou a dificuldade de enfrentar alguém com esse perfil.
Apesar do desconforto generalizado entre os bolsonaristas com a ascensão de Marçal, a família Bolsonaro ainda não chegou a um consenso sobre como lidar com o candidato. A pesquisa Quaest divulgada na quarta-feira mostra que Marçal é o preferido de 39% dos eleitores de Bolsonaro, seis pontos a mais que Nunes.
Carlos, que há tempos tem uma relação difícil com Marçal, reconheceu que há uma “resistência entendível ao tal do Nunes” entre os bolsonaristas. Como alternativa, sugeriu que os eleitores de seu pai apoiem a candidatura de Marina Helena (Novo), que ele considera ter “afinidades com a direita”.
Já Eduardo, que havia expressado seu apoio a Nunes em vídeos publicados nas redes sociais, também se solidarizou com Marçal após a suspensão de seus perfis em redes sociais, apesar das críticas anteriores.