Burnout feminino: por que mulheres são mais vulneráveis à exaustão?

Mulher com dor de cabeça .

O burnout feminino não é apenas um estado de cansaço comum. Para muitas mulheres, é o reflexo de séculos de responsabilidades acumuladas, que surgem de uma sociedade que coloca a carga emocional e mental de cuidar sobre suas costas. A sensação de estar constantemente em alerta, entre as tarefas domésticas, profissionais e familiares, é uma realidade de muitas mulheres.

Pesquisas de instituições como a Harvard Medical School e a American Psychological Association indicam que mulheres enfrentam uma maior propensão à fadiga crônica devido ao que é conhecido como “mental load” – a carga mental invisível de organizar, planejar e antecipar todas as necessidades ao redor. Esses estudos revelam que as mulheres gastam até 20% a mais da energia mental diária com essas tarefas não contabilizadas.

Esse cansaço não é apenas físico, mas também cognitivo e emocional. Ao longo do tempo, a constante vigilância sobre o que precisa ser feito gera uma sobrecarga que afeta a saúde mental das mulheres. Elas são educadas para serem as cuidadoras, colocando as necessidades dos outros à frente das suas próprias, o que leva a sintomas como exaustão, ansiedade e um alerta contínuo que nunca se desliga.

O impacto desse estado de alerta constante é profundo. Quando as mulheres tentam descansar, muitas vezes não conseguem encontrar um descanso real, mas sim pausas pontuais que não resolvem o problema subjacente. A busca pelo autocuidado precisa ir além de rituais temporários e se transformar em uma mudança de sistema, onde as mulheres possam realmente descansar sem a culpa de estarem “desconectadas”.

Além disso, a sociedade precisa parar de romantizar a ideia de que a sobrecarga feminina é uma virtude. Cuidar de tudo e de todos não deve ser visto como uma qualidade admirável, mas como uma falha estrutural. Para que a exaustão feminina não seja uma norma, precisamos de um sistema mais justo, onde o cuidado e a responsabilidade sejam compartilhados igualmente.

A proposta é simples: reconhecer o estado de alerta constante é o primeiro passo para quebrá-lo. As mulheres devem ter a oportunidade de cuidar de si mesmas, sem a pressão de estar sempre disponíveis para os outros. O descanso, para ser eficaz, precisa ser contínuo e não um luxo, mas um direito.

A mudança começa pela conscientização. A sociedade precisa entender que a sobrecarga das mulheres é um problema coletivo, e que todos devem assumir sua parte na divisão das responsabilidades. Só assim conseguiremos criar um ambiente onde descansar não seja um ato subversivo, mas uma necessidade para a saúde e o bem-estar.

A revolução silenciosa que precisamos é aquela que quebra os padrões de hiperdisponibilidade e permite que todas as mulheres, independentemente de sua situação, possam viver de forma equilibrada e saudável.

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