Luiz Ayrão se recorda de quando era apenas um compositor e teve uma música gravada por Roberto Carlos — Só por Amor (1963). Ele relata ter recebido como direitos da gravação mais que o dobro do que ganhava à época como empregado de um banco estrangeiro. Com o dinheiro, comprou televisão e eletrodomésticos para a mãe.
Agora, aos 83 anos, o cantor e compositor carioca se diz impressionado com o pagamento irrisório pela execução de suas músicas na internet. “É um centavo de dólar. Um absurdo”, afirmou, em entrevista a CartaCapital.
Ainda assim, o sambista entrou na onda da internet: em vez de gravar um álbum, lançará uma música por mês com audiovisual.
O último disco de Luiz Ayrão viu a luz do dia em 2019. Um Samba de Respeito contou com diversos convidados, como Zeca Pagodinho, Zeca Baleiro e Alcione.
Luiz Ayrão abre o Festival de Samba Saudosa Maloca neste sábado 9, na Vila Itororó (Rua Pedroso, 238 – Bela Vista), em São Paulo. O evento será longo: começará às 14h com a DJ Carol Selecta, terá às 15h o grupo Pagode da 27, seguirá às 16h novamente com DJ Carol e chegará às 17h com a Roda Saudosa, com participação especial de Luiz Ayrão. A entrada é gratuita.
O grupo Roda Saudosa tem grandes músicos de São Paulo, como Rodrigo Campos e Matheus Crippa (violonistas), Henrique Araújo e Edu Batata (cavaquinistas), Jefferson Santiago, Xeina Barros, Mumu de Oliveira, Paulinho Timor, Alfredo Castro Yvison Pessoa (percussão), Thiago França (saxofone), Raquel Tobias, Maíra da Rosa e Chapinha (vozes).
Paulinho Timor, diretor musical do projeto, explica que Roda Saudosa apresenta músicos e musicistas de diferentes grupos e regiões da cidade. “Tem gente de tudo quanto é lugar, das comunidades, de vários territórios.”
O festival acontecerá sempre no segundo sábado do mês, até dezembro, com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de São Paulo.
Ayrão apresentará na estreia seus grandes sucessos, incluindo Porta Aberta, Bola Dividida, Os Amantes e O Lencinho, entre outros.
“O samba está relegado ao segundo plano. Nenhuma rádio toca mais”, lamenta. “A gente tem de levantar o samba novamente.”
