Os Estados Unidos aprovaram uma grande legislação em torno das criptomoedas e estão próximos de aprovar outra regulamentação, e ambas devem fazer do país a “capital global das criptomoedas”, mas a questão tem sido acompanhada com reservas por economistas.

E um desses economistas é Simon Johnson, ex-economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional) e vencedor do Nobel de Economia em 2024, que destaca o grande poder político obtido pela indústria de criptomoedas e as leis norte-americanas “projetadas para impedir uma regulamentação razoável”.

“Historicamente, a grande vantagem dos mercados financeiros dos EUA em comparação com outros países tem sido uma transparência relativamente maior, o que permite aos investidores obter uma compreensão mais profunda dos riscos e tomar decisões mais bem informadas”, diz o economista, em artigo no Project Syndicate.

Embora os EUA possuam regras rígidas para lidar com conflitos de interesse e limites em torno do risco que empresas financeiras podem assumir, a lei GENIUS não apresenta avanços nessa questão.

“Do ponto de vista sistêmico, a principal deficiência da Lei GENIUS é sua incapacidade de lidar efetivamente com o risco inerente de corridas de stablecoin (um ativo digital emergente entre as cripto), porque impede que os reguladores prescrevam capital forte, liquidez e outras salvaguardas. E quando qualquer emissor de moeda estável – doméstico ou estrangeiro – entra em apuros, quem intervirá, e com que autoridade, evitar que os problemas se espalhem para a economia real, como na década de 1930?”, alerta o economista.

E os questionamentos podem aumentar caso qualquer versão da chamada lei CLARITY seja aprovada no Senado. “Essa legislação permitiria conflitos de interesse e auto-negociação em uma escala não permitida desde a década de 1920”, diz Johnson, que destaca as preocupações com a segurança nacional já que as duas leis permitem ou facilitam o uso de stablecoins e criptos em transações ilícitas.

“Em sua ânsia de fazer a oferta da indústria de cripto, o Congresso expôs os americanos e o mundo à possibilidade real de retorno de pânicos financeiros e danos econômicos severos, implicando perdas maciças de empregos e destruição de riqueza”, reitera o articulista.

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Last Update: 05/08/2025