Michelle em campo Imagem: reprodução

Com Jair Bolsonaro proibido de deixar Brasília por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, Michelle Bolsonaro intensificou sua atuação política e assumiu agendas originalmente previstas para o marido.

Ela tem representado o ex-presidente em viagens, eventos partidários e reuniões com lideranças conservadoras e religiosas. Na última semana, esteve na Paraíba e já tem compromissos marcados em Rondônia para agosto, em nome do PL Mulher, segmento que comanda desde o fim do governo.

A movimentação foi interpretada por aliados como uma resposta estratégica às limitações judiciais que atingem Bolsonaro. Enquanto ele evita aparições públicas para não descumprir determinações legais, Michelle tem ocupado espaço nas redes e nas articulações internas do partido.

Desde a operação da Polícia Federal em 18 de julho, ela ganhou 138 mil seguidores no Instagram. Segundo o ex-ministro Marcelo Queiroga, “Michelle é uma figura excepcional” e passou a ser vista como guia do bolsonarismo em meio à ausência parcial do ex-presidente.

Além da exposição crescente, Michelle também fortaleceu o entorno do marido.

O irmão de criação dela, Eduardo Torres, passou a acompanhar Bolsonaro em todas as saídas públicas, em uma tentativa de blindá-lo. Nos bastidores, Michelle adota tom messiânico com aliados, dizendo que “foi levantada por Deus para essa hora” e que sua atuação é parte de uma “batalha contra o sistema”. Embora evite falar de candidatura, sua presença em eventos políticos tem sido cada vez mais estruturada.

A guinada contrasta com seu perfil reservado em 2018 e no início do governo Bolsonaro, quando atuava em pautas sociais e religiosas com discrição.

A mudança começou em julho de 2022, com seu discurso na convenção do PL no Rio de Janeiro.

Desde então, sua imagem cresceu na legenda, especialmente junto ao eleitorado feminino e evangélico. Como presidente do PL Mulher, Michelle ajudou a expandir a base do partido entre candidatas religiosas e articulou com pastores, cantoras gospel e influenciadoras cristãs.

Apesar do avanço político, Michelle ainda enfrenta resistências no núcleo familiar.

A relação com Carlos Bolsonaro e Jair Renan sempre foi tensa.

Carlos chegou a se referir a ela como “Xuxa”, em tom depreciativo. No entanto, aliados apontam que o clima entre eles amenizou após a internação de Bolsonaro, quando Michelle assumiu os cuidados do ex-presidente. Ainda assim, há incômodo no clã com o protagonismo crescente da ex-primeira-dama.

O pastor Silas Malafaia, aliado histórico, expressou ressalvas ao novo papel de Michelle: “Tem várias vozes que falam por ele, mas não uma única pessoa. Ele não está preso, não está mudo”. A fala ecoa a percepção de parte do bolsonarismo tradicional, que resiste a uma eventual substituição de Bolsonaro por qualquer figura, inclusive a esposa.

Para dirigentes do PL, no entanto, Michelle representa o elo mais direto com dois segmentos estratégicos: evangélicos e mulheres conservadoras.

O líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante, resume: “Ninguém substitui Bolsonaro, mas com as restrições a ele, a possibilidade de lançar Michelle vai amadurecendo mais e mais”. Nos bastidores, seu nome já circula como possível cabeça ou vice de uma chapa majoritária em 2026. Com informações do jornal O Globo.

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Last Update: 27/07/2025