Após nove anos desde a última atividade, foi realizado o 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres, que teve início no dia 6 de julho, e segue até hoje, 9, em Natal (RN). O objetivo central foi discutir os desafios da conjuntura – nacional e internacional – e a luta do feminismo.
Durante os quatro dias de atividade, mais de mil mulheres de 23 estados do país estiveram reunidas para debates e seminários voltados para temas cruciais que perpassam a defesa dos direitos das mulheres e o combate à violência.
A atividade Natal faz parte dos preparativos para a 6ª Ação Internacional da MMM, que ocorrerá em março de 2025, com o tema “Seguiremos em Marcha contra as guerras e o capital, por soberanias populares e bem viver”.
O 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres iniciou recuperando brevemente a memória do primeiro e segundo encontros nacionais do movimento realizados em 2006 e 2013, respectivamente, e foi um momento fundamental para o fortalecimento da luta feminista brasileira. Lá, as participantes puderam participar de encontros de formação e preparação, com rodas de conversa, mutirões, e debates.
Segundo o Brasil de Fato, a atividade foi dividida em três eixos principais: leitura da conjuntura, construção de alternativas e organicidade. “Para o movimento, os encontros nacionais são importantes para debater e aprofundar os campos de ação da Marcha frente aos desafios da conjuntura. Entre os temas a serem debatidos estão: salário mínimo, soberania alimentar, luta antirracista, corpos e sexualidades livres, educação não sexista, além da solidariedade feminista internacional entre os povos”, escreveu o BfT.
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Abertura
A abertura contou com a participação da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves; da governadora do estado do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT-RN); da secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura; da Secretária de Mulheres da CONTAG, Mazé Morais.
Além das militantes da MMM nacional, a abertura teve ainda a participação da coordenadora internacional da MMM Yildiz Temürtürkan e Pinar Yüksek, da Turquia, e da venezuelana Alejandra Laprea, do Comitê Internacional da MMM representando as Américas, bem como de participantes de movimentos sociais aliados.
“Este é um momento muito importante. As mulheres estão mostrando que sempre estiveram nas ruas, sempre estão mobilizadas, com a capacidade de pensar e reinventar a história e o Brasil. A Marcha Mundial das Mulheres mais uma vez demonstra isso. São mais de mil mulheres fazendo um debate político de conjuntura, garantindo e mostrando que o lugar da mulher é onde ela quiser”, destacou a ministra.
A governadora petista celebrou o fato de o encontro ser realizado no estado potiguar: “Quero expressar aqui a alegria do Rio Grande do Norte em sediar este encontro nacional da Marcha Mundial das Mulheres. Contamos com a participação de mais de mil mulheres vindas de vários lugares do Brasil. A presença da nossa ministra aqui é muito significativa, pois simboliza o compromisso do Governo Federal com a agenda de defesa dos direitos das mulheres. Este encontro, sobretudo, renova nossa mobilização social para que não haja retrocessos e para que possamos avançar cada vez mais em direção a uma vida com direitos, dignidade e sem violência.”
Moura destacou a importância da figura da companheira Nalu Faria na construção da luta política feminista e do trabalho coletivo das mulheres: “Nossa companheira Nalu Faria foi extremamente importante para o movimento feminista brasileiro. Quero dizer também que fazer política, fazer militância, fazer movimento às vezes é uma caminhada muito solitária. E nós precisamos, a partir da nossa luta coletiva, do nosso exemplo, ir partilhando. Tem muito discurso, mas é a prática que vai mudando.”
Já a secretária de Mulheres da CONTAG, que também faz parte da Executiva Nacional da MMM, deu início à sua fala defendendo a importância de fortalecer o feminismo popular diante dos desafios da conjuntura, que não são poucos. Mazé afirmou que as mulheres foram fundamentais para a vitória de Lula em 2022, ponderou que as feministas e a classe trabalhadora derrotaram o Bolsonaro, mas não o bolsonarismo. Desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, os desafios enfrentados pelo povo brasileiro se agigantaram, já que houve um desmantelamento da democracia.
Debates coletivos
Nos dias seguintes, as mulheres seguiram lógicas de trabalhos em grupo onde se debruçaram sobre questões relacionadas a aspectos cujo passaram por análises de conjunturas políticas nacional e internacional e os desafios para a luta feminista, e quais são os elementos mais importantes para construção da agenda política da Marcha diante dos cenários apontados.
Homenagem a Nalu Faria
A memória de Nalu Faria, militante histórica da Marcha no Brasil e no mundo, e do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores esteve presente do início ao fim da abertura. Seu legado inspira a todas as mulheres a seguirem construindo o feminismo antipatriarcal, anticapitalista e antirracista.
“Seus ensinamentos alertam que só haverá revolução verdadeira na vida das mulheres se ela acontecer para todas e que, para construí-la, é preciso caminhar sempre no passo da mais lenta, sem deixar nenhuma mulher para trás. Nalu Faria presente, hoje e sempre!”, disse o Coletivo de Comunicadoras MMM.
Marcha nas ruas de Natal
Na manhã de ontem (8), as feministas saíram em marcha pelas ruas de Natal pedindo por soberania popular e sobre seus corpos. O ato público foi construído em aliança com outros organizações populares, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e a Central de Movimentos Populares (CMP). O Movimento da Mulher Trabalhadora Rural (MMRT) também participou do ato coletivo.
Pinar Yüksek, que atua no Secretariado Internacional da MMM, em Ankara, na Turquia, se disse encantada com a mobilização das mulheres brasileiras. Segundo o Coletivo de Comunicadoras da MMM, Ela contou que ficou positivamente impressionada com a organização do encontro e do ato, bem como com a alegria irreverente das militantes da marcha. A companheira destacou também as semelhanças que vê entre as conjunturas brasileira e turca, contextos nos quais há um crescimento da extrema direita, o que reafirma a importância de um feminismo que seja anticapitalista e internacionalista.
Da Redação do Elas por Elas, com informações do Governo do RN, da Marcha Mundial de Mulheres e Coletivo de Comunicadoras da MMM