
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou à Avenida Paulista neste domingo (29) em mais uma tentativa de mobilização popular que, na prática, revelou o enfraquecimento do bolsonarismo.
O ato, convocado por aliados sob o lema “justiça já”, teve adesão visivelmente baixa e ocupou apenas um quarteirão da via, entre a rua Peixoto Gomide e o Masp, por volta das 14h — uma cena distante das promessas de multidões feitas por organizadores nos dias que antecederam o evento.
Desta vez, nem mesmo o discurso inflamado de anistia aos condenados pelo 8 de janeiro dominou a pauta.
O foco foi o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), com ênfase na delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Mas nem isso bastou para atrair público ou figuras de peso.
Em comparação ao protesto de abril, que contou com a presença de sete governadores, a edição deste domingo reuniu apenas quatro — sinal evidente de retração até entre os aliados.
O pastor Silas Malafaia, principal articulador do ato, tentou contornar o esvaziamento visível com uma nova narrativa.
“Estamos aqui para marcar posição. É menos importante o número [de participantes] do que eu vou dizer aqui”, declarou em entrevista ao UOL. A fala contrasta com declarações anteriores do próprio Malafaia, que sempre exaltou números e previa público de “1 milhão de pessoas” para os eventos.
A mudança de tom evidencia o desgaste do grupo diante da realidade das ruas.
A baixa presença de apoiadores e a ausência da cúpula bolsonarista reforçam o cenário de isolamento político do ex-presidente.
O enfraquecimento das manifestações de rua tem sido acompanhado por dificuldades no Congresso: a proposta de anistia, antes defendida com entusiasmo, não foi sequer pautada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), apesar da pressão da bancada do PL.
Cada novo ato frustrado indica que a mobilização de massa que já foi símbolo do bolsonarismo perdeu o fôlego.
Com público reduzido, discurso repetido e presença política limitada, o evento deste domingo expôs mais uma vez o enfraquecimento do projeto político que, nos últimos meses, tem acumulado derrotas nas urnas, no Judiciário e agora, nas ruas.
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