Em meio à crise humanitária em Gaza, o governo de Israel apostou em uma nova força para controlar a região: a milícia liderada por Yasser Abu Shabab. Com aproximadamente 400 palestinos, e operando exclusivamente em Rafah, no sul da Faixa e na fronteira com o Egito, o grupo paramilitar é responsável por fazer a segurança dos centros de distribuição de suprimentos da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês).

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou no começo deste mês que está “colaborando” com clãs influentes de Gaza para “normalizar” a situação da região. Membros de seu governo chegaram a afirmar que eles estão mandando armas e fornecendo apoio a Abu Shabab.

O problema reside, além do fato de não ser uma organização legítima palestina, mas imposta, na relação obscura entre a milícia e a GHF. A Fundação recebeu graves acusações, como, por exemplo, contrabandear pílulas opioides nos sacos de farinha enviados a Gaza, ou apoiar ações do Exército de Israel que mataram centenas de palestinos em busca de suprimentos nos centros humanitários.

Já Abu Shabab foi nomeado previamente em um memorando da ONU como sendo responsável por saques sistemáticos de ajuda humanitária, que ele supostamente deveria estar protegendo. O grupo também não recebeu apoio da população palestina, que rechaçou qualquer tipo de afiliação com ele.

Um membro da Autoridade Palestina (AP), governo da Palestina reconhecido pela ONU, revelou ao site Ynet que a milícia também recebe apoio da sua organização, além de Israel e de um líder exilado da Fatah, grupo liderado por Yasser Arafat antes de sua morte.

O fortalecimento de Abu Shabab parece uma tentativa desses grupos de minar a autoridade do Hamas, atualmente a maior organização presente em Gaza e de tendência islamista.

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Last Update: 29/06/2025