O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou que seja aberta uma investigação sobre a contratação de dois maquiadores como secretários parlamentares pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Com informações da Folha de S.Paulo.
O subprocurador-geral Lucas Furtado encaminhou uma representação ao TCU pedindo a adoção de “medidas necessárias para confirmar a contratação” e, se comprovada irregularidade, a abertura de tomada de contas especial para ressarcimento dos valores pagos a título de salários e demais despesas.
Na representação enviada nesta quinta-feira (26), Furtado argumenta que a situação compromete a confiança nas instituições públicas e remete a práticas como patrimonialismo, nepotismo e favorecimento pessoal. Segundo ele, há indícios de desvio de finalidade e “desmedida pessoalidade” na escolha dos assessores, que teriam sido selecionados por critérios pessoais da deputada, e não por suas competências em atividades parlamentares.
Os maquiadores em questão são Ronaldo Hass e Indy Montiel, ambos oficialmente nomeados como secretários parlamentares no gabinete de Hilton. A própria deputada reconheceu, em publicações nas redes sociais, que conheceu ambos como profissionais de maquiagem e decidiu contratá-los após identificar outras habilidades.
“Quando podem, fazem minha maquiagem e eu os credito por isso. Mas se não fizessem, continuariam sendo meus secretários parlamentares”, escreveu a parlamentar. Ela também afirmou ser alvo de perseguição política, lembrando que foi uma das primeiras mulheres trans eleitas para o Congresso Nacional.
O sistema de transparência da Câmara dos Deputados mostra que Hass foi nomeado em novembro de 2024 e hoje recebe R$ 9.700. Já Montiel teve sua primeira nomeação em dezembro, com remuneração atual de cerca de R$ 2.100.
Ambos continuam divulgando seus serviços como maquiadores nas redes sociais, frequentemente com fotos da própria deputada. Para Furtado, o fato de os dois continuarem exercendo a atividade de maquiagem para Erika Hilton reforça a suspeita de desvio de função, o que poderia tornar os gastos públicos com seus salários indevidos.
