Programa Mais Engenharia: urgência no Brasil e exemplo no Paraná
por Henrique Luduvice
O Brasil, detentor de uma população de aproximadamente 212 milhões de habitantes distribuídos em 5570 Municípios, deve assumir o compromisso público de implementar um Programa Nacional Mais Engenharia (englobando Agronomia, Arquitetura e Geologia).
Destaque-se que esta inciativa visa a constituição de carreiras públicas e privadas com remunerações atraentes, que motivem Profissionais qualificados a incorporarem tal vocação em suas vidas, permitindo que o País dissemine quadros técnicos nos Estados e Cidades, principalmente naquelas que ostentam os menores indicadores de desenvolvimento econômico e social.
O Governo Federal, ao estabelecer uma proposição desta natureza, ensejaria, por certo, a contratação de especialistas sintonizados com as demandas intrínsecas da Nação, pois estes exerceriam atribuições estratégicas nos planos federal, regional e local.
Os principais cenários ocupacionais desses Profissionais seriam as consecuções de Projetos que permitam a captação de recursos para obras e serviços no âmbito de Ministérios, Bancos de Fomento, Empresas ou Investidores, que beneficiem as populações de baixa renda nas diversas Regiões do País.
As atividades em tela contribuiriam para que incontáveis empreendimentos fossem executados de forma descentralizada no extenso território brasileiro, objetivando aprimorar, construir, cultivar, expandir, pesquisar, produzir ou urbanizar em sintonia com os Planos Diretores, disponibilizados pelas instâncias regulamentares.
Em síntese, o Mais Engenharia além de assegurar a elevação da qualidade de vida das populações com IDHs mais distantes do padrão consagrado como referencial, viabilizaria a implantação de soluções que gerem emprego, ergam ganhos monetários, alavanquem parâmetros produtivos e fixem pessoas em localidades que, em geral, exportam sua força de trabalho com maior valor agregado para os grandes centros urbanos.
Ressalte-se, ademais, que a difusão da Engenharia, revestida de uma consciência realizadora e cidadã, incrementaria de forma extraordinária os índices de prosperidade e paradigmas humanísticos do País.
Em consequência, os incentivos provenientes de um planejamento em nível federal fascinarão a juventude, magnetizando-a para a Área Tecnológica. Este fato impactará na melhoria da relação Número de Engenheiros por Habitantes no Brasil, resultante fundamental para atingir os patamares de competitividade almejados pelo País, na escala das Nações, neste Século XXI.
Em razão dos argumentos apresentados em Artigo anterior que se somam àqueles discorridos no texto em marcha, urge que o Estado, via nosso Governo, se manifeste ante a Engenharia do Brasil, comprometendo-se com a proposta evidenciada. E, em adição, convide as Estruturas Representativas para reuniões e debates que proporcionem definições de modelos e prazos para sua premente adoção no País.
Necessário se faz nesta altura, a título de exemplo, destacar a recente assinatura de um Convênio no Estado do Paraná, envolvendo três renomadas Instituições Públicas, todas sediadas naquela Unidade da Federação. São elas, respectivamente, o CREA-PR, a Itaipu Binacional e a Universidade Estadual de Ponta Grossa.
No mencionado documento, restou aprovada a realização de um Curso de Especialização nominado Gestão Pública em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável, articulado pelo Conselho Regional, com duração de dois anos (24 meses). A capacitação será ministrada pela citada Universidade, com verbas provenientes da Responsabilidade Social de uma Empresa estatal que produz Energia Elétrica e orgulha dois Países, o Paraguai e o Brasil.
Eis, a seguir, o emblemático foco extraído deste insigne contexto:
Muito além de aprenderem os conteúdos das disciplinas constantes na relatada Especialização, os 50 Profissionais e 50 Estagiários (metade mulheres) necessitarão elaborar 4 (quatro) Projetos Executivos Sustentáveis, devidamente estruturados e sintonizados com a legislação vigente no País. Estes, serão apresentados aos Ministérios ou Órgãos de Fomento, pelas Prefeituras dos Municípios paranaenses que ocupam as menores classificações na tabela de IDH no Estado.
Faz-se importante acrescentar que os trabalhos precisam ser concretizados na Plataforma BIM, o que exigirá adequadas absorções de conhecimentos. Os Equipamentos cedidos aos partícipes permanecerão em regime de comodato pelo período correspondente aos estudos. E, ainda, os Projetos oriundos da aludida Especialização pertencerão ao CREA-PR, que poderá, em fase posterior replicá-los, em coordenação com outros Municípios.
O objetivo concreto desta dinâmica é a obtenção de dotações financeiras que atendam as verdadeiras necessidades dos Cidades contempladas no espectro do Programa, denominado Mais Engenharia. Em seguida, resgata-se esses entes municipais dos atuais patamares, injetando saberes e produções que equacionem determinadas carências detectadas em análises prévias.
A partir das intervenções nessas lacunas ou especificidades, ampliam-se as perspectivas das Cidades beneficiadas, que passam a nivelar-se a outras mais bem colocados nos marcos da cidadania. Em havendo continuidade, estabelece-se no Estado um círculo virtuoso de contínuo progresso ancorado na Engenharia.
Os Profissionais e Estudantes que participarão do processo de formação receberão Bolsas compatíveis com a complexidade do tema. Concentrarão as principais atenções nos Programas Federais disponíveis que, muitas vezes não alcançam tais Aglomerados Urbanos em razão das incapacidades destes em produzirem as documentações necessárias para integrar seus pleitos nesses orçamentos. Em frequentes ocasiões, sequer concorrem a esses montantes, por absoluta ausência da habilitação técnica propositiva.
Registre-se que as inscrições para Profissionais, Estudantes e Municípios estarão abertas até o dia 10 de julho no Portal do CREA-PR, que reúne maiores informações para eventuais consultas. Os Sites da Itaipu e UEPG devem ser também pesquisados pelos interessados. Parabenizamos a todos por esta significativa parceria, a favor do Paraná e do País.
Finalizando, reafirmamos que não há espaços para dúvidas. Ou justificativas para eventuais postergações. Avante. É imperativo criar o Mais Engenharia no Brasil.
Eng. Civil Henrique Luduvice – Ex-Presidente do CREA/DF, MÚTUA e CONFEA. Ex-Diretor Geral do DER/DF e do DMTU/DF. Ex-Secretário de Transportes do DF. Ex-Presidente dos Conselhos Rodoviário, do Metrô e de Transportes do Distrito Federal.
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