
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), relativizou a ditadura militar e afirmou que concederá indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso seja eleito em 2026. Em entrevista à Folha, ele foi questionado sobre a ditadura, respondendo que é uma “questão de interpretação” e que cabe aos historiadores “debater isso”.
O governador mineiro, que recentemente visitou El Salvador para conhecer as políticas de segurança do presidente de extrema-direita Nayib Bukele, tem construído uma plataforma eleitoral com ênfase em segurança pública e ajuste fiscal.
Sobre a possibilidade de concorrer contra Bolsonaro, Zema foi claro: “Continuo confiante de que o presidente Bolsonaro possa ter os seus direitos políticos reconhecidos e venha a ser o candidato. Se ele for, com toda certeza a direita vai trabalhar unida em torno do nome dele”.
Sobre o possível indulto a Bolsonaro, condenado em primeira instância por abuso de poder político durante as eleições de 2022, Zema foi direto: “Sim, daria”. E completou: “Não foram concedidos indultos a assassinos e sequestradores aqui, durante o que eles chamam de ditadura? Agora você não vai conceder?”.
A resposta mais polêmica da entrevista ocorreu quando Zema foi questionado sobre a ditadura militar. Ao ser perguntado se tinha dúvidas sobre o caráter ditatorial do regime, ele respondeu: “Acho que não. Tiveram sequestradores e assassinos que receberam anistia, não foi?”.
Perguntado sobre qual seria sua interpretação, afirmou: “Eu prefiro não responder, porque acho que há interpretações distintas. E houve terroristas naquela época? Houve também”.

Modelo salvadorenho e segurança pública
Zema defendeu a importação do modelo de segurança de El Salvador, onde os índices de violência caíram drasticamente após medidas duras contra gangues, mas sob acusações de abusos de direitos humanos. “Visitei duas comunidades, conversei com dezenas de pessoas, e todas, sem exceção, falaram que a vida mudou da água para o vinho”, afirmou.
A respeito das críticas ao governo Bukele, o bolsonarista argumentou: “As pessoas lá não tinham [liberdade]. Se alguém falasse alguma coisa, levava tiro, era executado. Hoje, eles têm liberdade de ir e vir a qualquer momento”.
Questionado sobre a PEC da Segurança do governo Lula, Zema foi taxativo: “É uma PEC que não resolve o problema. O que eles estão fazendo ali é trocar o pneu de um calhambeque”.
Já no campo econômico, o governador promete um rigoroso corte de gastos inspirado no presidente argentino Javier Milei, mas afirma não ver necessidade de um “tratamento de choque”. “Nós temos que olhar para o futuro”, disse, evitando aprofundar-se em polêmicas históricas.