No dia 14 de março de 1883, Karl Marx, o incansável revolucionário e fundador do socialismo científico, faleceu em Londres aos 64 anos. Sua morte foi causada por bronquite, uma doença que o enfraqueceu nos últimos anos de sua vida, período em que buscou alívio em estâncias de saúde. Ele foi enterrado no Cemitério de Highgate, em Londres, sob uma lápide inicialmente simples. Em 1954, o Partido Comunista da Grã-Bretanha a transformou em um símbolo de sua luta, gravando a frase final do Manifesto Comunista, “Trabalhadores de todos os países, uni-vos!”, junto a um trecho das Teses sobre Feuerbach (1845). Esse marco reflete o legado de Marx como um colosso que não apenas analisou o mundo, mas dedicou sua vida a transformá-lo, combatendo a ditadura da burguesia e buscando a libertação dos trabalhadores.
Mais do que um intelectual, Marx foi um militante revolucionário cuja existência foi marcada pela luta contra a opressão capitalista. Sua missão era clara: por um fim ao Estado e à escravidão que acomete a classe trabalhadora, e abrir caminho para uma sociedade sem classes, onde o proletariado pudesse se emancipar. Junto a Friedrich Engels, Marx desenvolveu a teoria que superava as utopias idealistas e se ancorava na análise materialista da história, fundamental para transformá-la.
Ele demonstrou que a produção econômica é a base de toda a vida social, moldando as instituições, as leis e até as ideias de uma época. Essa visão desmascarou a ideologia burguesa que invertia essa lógica para justificar sua dominação.
Marx não se limitou a explicar o mundo; ele o confrontou. Sua descoberta da mais-valia revelou o segredo da exploração capitalista: o lucro nasce do trabalho não pago dos operários. Essa ideia incendiária expôs as contradições do sistema e armou os trabalhadores com o conhecimento para resistir. Sua militância atravessou continentes e décadas, desde os artigos inflamados até a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores em 1864, um marco na organização do proletariado global. Expulso de países, caluniado por governos e burgueses, Marx nunca cedeu. Ele via a ciência como uma arma revolucionária, mas sua verdadeira paixão estava em usá-la para destruir as correntes que prendiam os trabalhadores.
A importância de Marx para a luta pela libertação do proletariado é colossal. Ele deu à classe operária as ferramentas para compreender sua exploração e se organizar contra a tirania da burguesia. Obras como O Capital e o Manifesto Comunista tornaram-se guias para revoluções, inspirando desde a Revolução Russa até movimentos anticoloniais. Seu legado segue vivo, um chamado à resistência contra a opressão e à construção de uma sociedade verdadeiramente livre.
Abaixo, reproduzimos o discurso de seu parceiro, Frederich Engels, proferido após a morte do revolucionário:
No dia 14 de março, às duas e quarenta e cinco da tarde, o maior pensador vivo parou de pensar. Deixado sozinho por apenas dois minutos, o encontramos em sua poltrona, dormindo pacificamente – mas para sempre.
É impossível medir o que o proletariado combativo da Europa e da América, e o que a ciência histórica, perderam com esse homem. Logo, todos vão sentir o vazio deixado por essa figura incrível.
Assim como Darwin descobriu as leis da evolução da natureza, Marx revelou as leis do desenvolvimento da história humana: o fato simples, antes escondido por camadas de ideologia, de que as pessoas precisam primeiro comer, beber, se abrigar e se vestir antes de se envolver com política, ciência, arte ou religião. Ou seja, a produção dos meios de subsistência e o estágio econômico de um povo ou época são a base de tudo – das instituições do Estado às ideias religiosas –, e é a partir daí que tudo deve ser explicado, não o contrário, como se fazia antes.
Mas ele foi além. Marx descobriu a lei que rege o capitalismo atual e a sociedade burguesa que ele criou. Com a mais-valia, ele jogou luz onde antes só havia escuridão, superando todas as análises anteriores de economistas e socialistas.
Duas descobertas desse porte já seriam o suficiente para uma vida. Mas Marx foi além, trazendo avanços em todos os campos que estudou – e foram muitos –, sempre com profundidade. Ele era um cientista, sim, mas isso era só uma parte dele. Para Marx, a ciência era uma força revolucionária, um motor da história. Ele vibrava com cada descoberta teórica, mas se alegrava ainda mais quando ela podia transformar a indústria ou a sociedade.
Marx era, acima de tudo, um revolucionário. Sua missão era ajudar a derrubar o capitalismo e suas instituições, libertando o proletariado moderno ao dar a ele consciência de sua situação, de suas necessidades e das condições para sua emancipação. A luta era seu habitat natural, e ele lutou com paixão, persistência e sucesso como poucos. Dos jornais que editou às associações que liderou, até a criação da Associação Internacional dos Trabalhadores, ele deixou um legado impressionante.
Por isso, Marx foi o homem mais odiado e difamado de seu tempo. Governos o expulsaram, burgueses o caluniaram, mas ele ignorava tudo isso como se fossem teias de aranha. E morreu amado, respeitado e lamentado por milhões de trabalhadores revolucionários, das minas da Sibéria à Califórnia. Digo sem medo: ele podia ter adversários, mas não tinha inimigos pessoais.
Seu nome e sua obra vão viver por séculos!

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Last Update: 14/03/2025