Zema se reuniu apenas com o vice-presidente do país da América Central. Foto: redes sociais

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), desembarcou em El Salvador para conhecer de perto a política de “mão de ferro” do presidente Nayib Bukele, mas acabou recebido apenas pelo vice, Félix Ulloa. A audiência frustrada não impediu o mineiro, pré-candidato ao Planalto, de elogiar o modelo salvadorenho de combate ao crime, baseado no encarceramento em massa.

Zema visitou comunidades locais e disparou contra Brasília: “O Brasil contabiliza 40 mil homicídios por ano; é um problema solucionável, mas falta coragem política”, afirmou em vídeo nas redes. Segundo ele, a viagem serviu para “entender o que funciona aqui e aplicar em Minas Gerais”, estado que pretende usar como vitrine de segurança pública na campanha de 2026.

Desde 2019, Bukele já prendeu cerca de 70 mil pessoas sem o devido processo legal, segundo a Anistia Internacional, que acusa o governo de violações “massivas” de direitos humanos. O presidente transformou o país de seis milhões de habitantes em vitrine mundial do hiperencarceramento — e em alvo constante de organizações como a Human Rights Watch.

Acompanhado dos secretários Rogério Greco (Segurança Pública) e Bernardo Santos (Comunicação), Zema sustenta que Minas “precisa de resultados, não de discursos”. Ele não detalhou como adaptaria a tática salvadorenha ao sistema prisional mineiro, já superlotado, mas definiu a experiência centro-americana como “inspiradora”.

Nayib Bukele, presidente de El Salvador, em 19 de outubro de 2023. Foto: REUTERS/Jose Cabezas/File Photo

Bukele, reeleito em fevereiro apesar da Constituição proibir segundos mandatos consecutivos, alcançou o feito após uma Corte Suprema redesenhada por aliados permitir sua candidatura. Para viabilizar a manobra, o Congresso salvadorenho — dominado pelo partido do presidente — destituiu toda a cúpula do Judiciário que resistia.

O estado de exceção decretado em março de 2022 segue em vigor, suspendendo garantias constitucionais. Relatório da Human Rights Watch aponta “detenções arbitrárias em massa, desaparecimentos forçados, tortura e graves violações do devido processo” como rotina nas prisões salvadorenhas — o mesmo modelo que agora inspira a cruzada de Romeu Zema.

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Last Update: 01/06/2025