O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou em uma entrevista difundida nesta terça-feira 4 estar disposto a manter conversas diretas com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, com outros participantes, para encerrar a guerra que começou há quase três anos com a invasão russa.
“Se esta é a única forma na qual podemos levar a paz aos cidadãos da Ucrânia e não perder gente, sem dúvida apostaremos por esta configuração”, declarou Zelensky ao jornalista britânico Piers Morgan, especificando que requisitará que outros “participantes” estejam presentes.
A entrevista foi difundida nesta terça-feira no canal do YouTube Piers Morgan Uncensored.
Zelensky não detalhou quem seriam os outros participantes, mas Morgan mencionou a hipótese de negociações entre Ucrânia, Rússia, Estados Unidos e União Europeia.
A volta do republicano Donald Trump à Casa Branca em janeiro relançou as especulações sobre as conversas de paz para pôr fim à invasão russa iniciada em fevereiro de 2022.
Durante muito tempo, Zelensky rejeitou a ideia de negociações e afirmou querer combater a Rússia no campo de batalha. Um decreto de outubro de 2022 descarta inclusive qualquer negociação enquanto Putin estiver no poder.
Mas a Ucrânia luta com dificuldades contra as tropas russas, que avançam no leste do país. Kiev também teme que a ajuda americana se esgote, já que Trump criticou esse gasto durante sua campanha.
As conversas de paz continuam sendo hipotéticas. Ainda não foram apresentados elementos concretos e as posições de Moscou e Kiev seguem muito distantes.
No fim de janeiro, Putin disse que estava aberto a negociar para pôr fim ao conflito na Ucrânia, mas rejeitou conversas diretas com Zelensky pois não via “vontade” de sua parte.
Se Zelensky “quiser participar das negociações, vou selecionar pessoas para que participem nas negociações”, disse Putin, classificando o chefe de Estado ucraniano de “ilegítimo”.
Zelensky insiste em que qualquer acordo de paz inclua garantias de segurança dos países do Ocidente para a Ucrânia.
A Rússia, por sua vez, pede a rendição da Ucrânia e que a ex-república soviética renuncie a fazer parte da Otan. Moscou também quer manter os territórios ucranianos que afirma ter anexado.