Na noite dessa sexta-feira (28), o presidente norte-americano, Donald Trump, cancelou a coletiva de imprensa que faria ao lado de seu homólogo ucraniano, o presidente usurpador Vladimir Zelenski, que segue comandando o país do leste europeu mesmo após a expiração de seu mandato. A expectativa era que a entrevista anunciasse o cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia, o que acabou não acontecendo.

Antes da coletiva de imprensa que não ocorreu, Trump e o vice-presidente, James David Vance, se reuniram com Zelenski no Salão Oval da Casa Branca, sede do governo norte-americano, para tratar do fim da guerra. A reunião, marcada por seu tom acalorado, foi transmitida pela imprensa norte-americana.

Nas redes sociais, Trump acusou Zelenski de “não estar pronto para a paz” e afirmou que Zelenski “desrespeitou os Estados Unidos da América em seu precioso Salão Oval”, referindo-se a uma coletiva de imprensa que havia ocorrido antes da reunião na Casa Branca. Trump ainda declarou que o presidente usurpador ucraniano “poderá voltar quando estiver pronto para a paz”, sinalizando que nada foi acordado entre os chefes de Estado.

Zelenski também cancelou sua participação em um evento do Hudson Institute na tarde de sexta-feira (28). Estava previsto que ele fizesse um pronunciamento e conversasse com o presidente do Hudson Institute, John Walters.

A visita de Zelenski a Trump

O presidente ucraniano havia sido convocado a vir para os Estados Unidos no início da semana. Na ocasião, Trump anunciou que Zelenski viria assinar um tratado humilhante que poria fim à guerra: o compromisso da Ucrânia de entregar seus minérios em troca da dívida de 500 bilhões de dólares para com o país imperialista.

Zelenski chegou na última quinta-feira (27) em solo norte-americano. No mesmo dia, o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, defensor da manutenção do conflito, anunciou um encontro pessoal entre ele, Zelenski e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, que ocorrerá no domingo (2), em Londres. Starmer também é um fervoroso apoiador da manutenção da guerra, chocando-se com a política de Donald Trump.

A reunião no Salão Oval

Logo no início da reunião, Zelenski mostrou fotos ao presidente Donald Trump e começou a atacar o presidente russo Vladimir Putin, chamando- de “ditador” e de “terrorista”.

Após a pergunta de um jornalista, que teria perguntado se Trump estaria muito alinhado a Putin, o presidente norte-americano criticou duramente a postura de Zelenski em relação ao presidente russo.

“Se eu não me alinhasse com ambos [Zelenski e Putin], vocês nunca teriam um acordo. Querem que eu diga coisas realmente terríveis sobre o Putin e depois diga ‘oi, Vladimir, vamos fazer um acordo?’. Isso não funciona dessa forma. Eu não estou alinhado com o Putin, não estou alinhado com ninguém. Eu estou alinhado com os Estados Unidos da América e, para o bem do mundo, estou alinhado com o mundo. Eu quero acabar com isso. Vê o ódio que ele [Zelenski] tem do Putin? É muito difícil para mim fazer um acordo com esse tipo de ódio. Ele tem um ódio tremendo, e eu entendo isso, mas posso te dizer que o outro lado também não é exatamente apaixonado por ele. Então, não é uma questão de alinhamento. Eu estou alinhado com o mundo.”

Instigado pelo jornalista, Zelenski pediu a palavra e aproveitou a plateia para se queixar ao governo norte-americano e insinuar que o caminho da “diplomacia” proposto por Trump seria uma capitulação:

“Ele [Putin] ocupou partes grandes da Ucrânia, uma parte do Leste e a Crimeia… ele ocupou em 2014. Durante muitos anos, não estou falando só de [Joe] Biden, mas nesse período foi [Barack] Obama, o presidente Obama, depois o presidente Trump, depois o presidente Biden, agora o presidente Trump, e se Deus quiser, agora o presidente Trump vai pará-lo, mas em 2014 ninguém o parou, ele simplesmente ocupou e tomou, matou pessoas…  (…) Sabia que tivemos várias conversas com ele? Muitas conversas bilaterais. E eu assinei com ele, como presidente, em 2019, assinei com ele, [Emmanuel] Macron e [Angela] Merkel, assinamos o cessar-fogo. Todos eles me disseram que ele nunca iria embora, assinamos o acordo de gás com ele, mas depois disso ele quebrou o acordo de cessar-fogo, matou nosso povo e não trocou prisioneiros. Assinamos o intercâmbio de prisioneiros, mas ele não fez isso. Que tipo de diplomacia você está falando? O que você quer dizer?”

A resposta a Zelenski foi dada por J. D. Vance, que disse ser “desrespeitoso” que Zelenski viesse “ao Salão Oval tentar litigiar isso na frente da mídia americana agora”. E continuou: “vocês estão indo por aí e forçando recrutas para a linha de frente porque estão com problemas de mão-de-obra. Você deveria estar agradecendo ao presidente por tentar colocar fim a isso”.

Desse momento em diante, seguiu-se um bate-boca entre Zelenski e o vice-presidente norte-americano, em que o primeiro continuava se queixando e o último acusava o ucraniano de ser ingrato diante do apoio dado por Trump. Após a insistência de Zelenski, que afirmou que os Estados Unidos sentiriam os efeitos de um cessar-fogo, Trump interviu:

“Não nos diga o que vamos sentir, estamos tentando resolver um problema, não nos diga o que vamos sentir. Você não está em posição de ditar isso, lembre-se disso, você não está em posição de ditar o que vamos sentir”, disparou Trump.

E continuou:

“Você deixou seu país estar em uma situação muito ruim desde o começo da guerra. Você não está numa posição boa, não tem as cartas agora com a gente, você começou a ter cartas agora, mas não tem. Você está jogando cartas, está apostando com as vidas de milhões de pessoas, está apostando com a Terceira Guerra Mundial”.

Reação de líderes europeus

Não é razoável supor que Zelenski, cujo regime depende integralmente do apoio norte-americano, iria confrontar Trump em público se não tivesse acobertado. A “coragem” de Zelenski pode ser explicada a partir da reação dos líderes europeus, que estão contra o fim da guerra.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que Zelenski precisa ser forte e corajoso e que ele nunca estará sozinho. Olaf Scholz afirmou que a Ucrânia pode contar com o povo alemão e a Europa. Por fim, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, reforçou o apoio de seu país à Ucrânia.

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Last Update: 28/02/2025