deputada Carla Zambelli (PL-SP) de olhos fechados, séria, em close, de cabelo preso
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) – Reprodução

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) está foragida na Itália desde a última quinta-feira (5), após deixar o Brasil para evitar o cumprimento de pena de 10 anos de prisão imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, não há operação de busca ativa no país europeu para prendê-la. Com informações da Folha de S.Paulo.

Segundo o embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, o mandado de prisão expedido pela Interpol, a pedido das autoridades brasileiras, só autoriza a detenção em locais públicos.

“Mesmo que haja o conhecimento de que ela estaria em determinado local, dentro de uma casa, não há mandado de busca. A polícia [italiana] não pode entrar dentro de uma casa para retirá-la e prendê-la. Ela terá de ser presa no momento em que estiver em local público”, afirmou ele.

Essa restrição dificulta a prisão imediata da parlamentar, uma vez que não há informações sobre o seu paradeiro, o que fica sob responsabilidade exclusiva da polícia italiana.

Carla Zambelli desembarcou no aeroporto de Fiumicino, em Roma, cerca de quatro horas antes da notificação do mandado de prisão pela Interpol. Isso permitiu sua entrada legal no país, sem impedimentos. A própria deputada declarou à CNN Brasil que pretende se apresentar às autoridades italianas: “Vou declarar os meus dados para pegar os documentos. Estou aqui de boa-fé. Estou aqui por conta de uma perseguição política”.

embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, falando em microfone e gesticulando, sério, sem olhar para a câmera
O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca – Reprodução

Apesar de possuir cidadania italiana, a parlamentar não está imune à extradição. O embaixador ressaltou que, desde 2024, há 14 processos de extradição em andamento na Itália, incluindo quatro casos de pessoas com dupla nacionalidade. Um ítalo-brasileiro já foi extraditado neste ano. “A cidadania italiana não torna intocáveis as pessoas em dívida com a Justiça”, disse Mosca.

A Constituição italiana permite a extradição de seus cidadãos, desde que prevista em acordos internacionais, como é o caso do tratado entre Brasil e Itália vigente desde os anos 1990.

A extradição só poderá ser iniciada após a prisão de Zambelli e envolve análise jurídica e decisão política. Embora a parlamentar tenha afirmado que pretende buscar apoio de lideranças de ultradireita europeia, como a primeira-ministra Giorgia Meloni, o embaixador acredita que a afinidade ideológica não influenciará a decisão italiana.

“Não vejo afinidade entre um governo dedicado ao combate ao crime e uma pessoa condenada com amplo direito de defesa por crimes tipificados. Crimes cibernéticos, de invasão de sistemas, têm máxima relevância na Itália”, disse Mosca.

Renato Mosca destacou que a cooperação entre Brasil e Itália em temas jurídicos e criminais tem sido sólida nos últimos anos. Casos como os dos mafiosos Rocco Morabito e Vincenzo Pasquino, extraditados do Brasil para a Itália em 2022 e 2024, reforçam essa relação. “Há uma série de elementos que contribuem para que esse caso da deputada tenha um desfecho favorável. Não ao Brasil ou à Itália, mas à Justiça”, concluiu.

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Last Update: 09/06/2025