A partir desta segunda-feira (16), o público poderá acompanhar os bastidores da preservação de um dos maiores legados da cultura negra do Brasil com o lançamento da websérie “Andorinha”, produzida pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro). A iniciativa é um mergulho na memória e no trabalho de conservação do acervo de Abdias Nascimento, poeta, dramaturgo, artista plástico, ativista pan-africano e referência política e acadêmica.

Com sete episódios, a série traz depoimentos de pesquisadores, artistas e técnicos, detalhando os desafios e conquistas da gestão desse patrimônio reconhecido pela Unesco. “Reunimos as vozes de pesquisadores, artistas e técnicos, destacando os desafios e as conquistas envolvidas na gestão desse valioso patrimônio”, afirmou o Ipeafro.

O nome “Andorinha” foi escolhido para simbolizar o espírito coletivo. “O voo sincronizado das andorinhas representa nossa atuação em rede para manter viva a memória de Abdias”, explicou a equipe.

O acervo, que conta com cerca de 3.500 livros, 600 obras artísticas e 20 mil imagens, inclui documentos históricos de iniciativas como o Teatro Experimental do Negro (TEN) e o Museu de Arte Negra. A série também documenta a reorganização de obras que integraram a exposição no Museu Inhotim (MG), parte do Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, entre 2021 e 2024. (Observe algumas de obras abaixo)

Além de apresentar os processos técnicos de conservação, a websérie faz parte de uma nova fase de gestão do legado de Abdias, conectando instituições públicas e representantes da sociedade civil através do programa Memória, Patrimônio e Reparação, realizado em parceria com a Fundação Casa de Rui Barbosa.

Elisa Larkin Nascimento, presidente do Ipeafro e viúva de Abdias, relembra momentos marcantes, como o exílio nos EUA durante o AI-5 e a criação, em 1955, do polêmico concurso artístico sobre o Cristo Negro, que mobilizou mais de 120 artistas em resposta à resistência da Igreja e da imprensa da época.

“O Abdias como ser político e cultural nunca se apresentava sozinho, representava toda uma história, uma ancestralidade e uma luta coletiva”, afirmou Elisa. Segundo ela, a websérie pretende ampliar o alcance dessa história. “Não fala só do Ipeafro, nem só do Abdias. Fala da coletividade da população negra.”

O primeiro episódio estará disponível no canal do Ipeafro no YouTube, marcando também os 41 anos de fundação do instituto. Novos episódios serão lançados sempre às segundas-feiras.

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com agências

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Last Update: 16/06/2025