Wasif Jawhariyyeh, nascido em Jerusalém no ano de 1897, foi um compositor, músico, poeta e cronista palestino. Seus registros, compilados em onze volumes — entre manuscritos e uma vasta coleção fotográfica — constituem uma rica documentação da vida social, política e cultural da Palestina, abrangendo o período do domínio militar e do posterior mandato britânico, entre os anos de 1917 e 1948.
Além desses registros, Wasif também compilou toda a música popular palestina daquele período, utilizando um sistema de notação musical desenvolvido por ele próprio.
Durante sua vida, Wasif teve grande proximidade com a família Husseini, envolvida na liderança dos levantes árabes na região a partir de 1920. Também manteve relações com a administração otomana e, mais tarde, com a burocracia britânica.
Essas conexões permitiram um amplo registro dos acontecimentos políticos daquele período. No entanto, apesar de suas relações com setores dominantes da política palestina, Jawhariyyeh sempre se manteve sensível à situação dos mais pobres. Faleceu em 1973, na cidade de Beirute.
Assim como Wasif, seus pais, Helena Barakat e Jiryis Jawhariyyeh, também eram naturais de Jerusalém. Seu pai dedicava-se à produção de seda, à administração de um café e foi membro do Conselho Municipal de Jerusalém por um período.
Sua formação teve início na Escola Luterana, passando pela Escola Constitucional e, posteriormente, pela Escola St. George. O amplo domínio da língua árabe foi fruto de seus estudos do Alcorão, incentivados por seu pai.
Sua formação musical foi adquirida com Al-Shaykh Umar Al-Batsh, renomado músico e alaudista, natural de Aleppo, na Síria. Esse conhecimento lhe permitiu atuar em diversas orquestras em Jerusalém, inclusive na rádio local.
Em 1948, após a Nakba, mudou-se para Beirute, no Líbano, onde também integrou o corpo artístico da rádio da cidade.
Além da carreira musical, Wasif atuou nas áreas militar e administrativa: serviu no Regimento de Defesa de Jerusalém do exército otomano e na Marinha Otomana no Mar Morto. Posteriormente, trabalhou como escriturário durante o mandato britânico, sendo responsável pela seção de impostos e terras.
A vida, a memória e os registros deixados por Wasif Jawhariyyeh constituem uma fonte riquíssima para o estudo do início da modernidade na Palestina — uma resistência feita também de sons, palavras e memórias.