Raul Ellwanger em 1980

Rubens Paiva, político torturado e assassinado nas dependências de um quartel militar entre 20 e 22 de janeiro de 1971, foi um dos mais expoentes símbolos da resistência contra a ditadura militar brasileira. Paiva tem seu legado resgatado a partir da obra cinematográfica Ainda Estou Aqui, que adapta o livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho do político, e que conta a saga familiar e o ativismo da viúva, Eunice Paiva, ávida na busca do reconhecimento do Estado de que seu marido fora morto pelo regime militar.

O filme já levou mais de 3 milhões de pessoas ao cinema em 2024. Tem se destacado em festivais internacionais e é cotado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, melhor roteiro adaptado e melhor atriz para Fernanda Torres, que dá vida a Eunice.

Rubens Paiva faria 95 anos em 26 de dezembro, e como forma de retomar enredos de outros presos políticos que sofreram sob o jugo da ditadura, o DCM entrevistou Raul Ellwanger, Celso Lungaretti, Adriano Diogo e Maria Petrucci, filha de Sérgio de Azevedo.

RAUL ELLWANGER – UMA VOZ NO EXÍLIO

Raul Moura Ellwanger, gaúcho de 77 anos, é compositor, arranjador, cantor e produtor, com músicas cantadas por ícones como Mercedes Sosa, Elis Regina e Beth Carvalho. É também ativista dos Direitos Humanos e membro do Comitê Carlos de Ré da Verdade e Justiça do RS.

Durante a juventude, Ellwanger era aluno de Direito e atuou no campo sindical, integrando, à época, um grupo de advogados, estudantes e operários chamado “União Operária”, um coletivo liderado por Carlos Araújo. Logo em seguida, a extensão nacional desse movimento resultaria na Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), da qual Ellwanger também participou.

Em 1969, com o AI-5 em seu auge, líderes do VAR-Palmares e de outros movimentos de resistência passaram a ser perseguidos e torturados. O nome de Ellwanger foi parar na lista do DOI-CODI. Por isso, Raul precisou primeiro abandonar a música e a faculdade para sair do raio persecutório. Na sequência, mudou-se clandestinamente para São Paulo a fim de dar cobertura aos companheiros do VAR-Palmares que foram presos pelo regime. O compositor chegou a retomar a música, classificando obras em festivais nacionais de música como o da TV Record, porém evitou comparecer ao palco para não ser preso. Depois disso, o músico fugiu para o Rio de Janeiro.

Em 1970, Raul Ellwanger foi condenado pela Lei de Segurança Nacional por conta de sua militância, e a única alternativa para evitar a prisão foi se exilar. Mudou-se primeiro para o Chile, onde ficou por três anos e meio. “Conheci a democracia no Chile, no Brasil não havia”, diz Ellwanger, valorizando a experiência social e política durante a gestão de Eduardo Frei e Salvador Allende. Raul também lembra que, de 1964 até a queda de Allende, o Chile recebeu importantes nomes da política e da academia brasileiras, como Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Maria da Conceição Tavares, Vânia Brambilla, Darcy Ribeiro, Moreira Alves, entre outros.

Entretanto, o golpe de Pinochet obrigou Ellwanger e outros militantes de esquerda a fugirem outra vez. Desta vez, o destino foi a Argentina. Morando em Buenos Aires, o cantor articulou a estadia de diversos nomes da arte brasileira em terras argentinas durante esse período, tais como Gilberto Gil, Vinicius de Moraes, Toquinho, Ferreira Gullar, entre outros. Ainda, criou um grupo musical com outros exilados e percorreu o interior do país portenho “caminhando, cantando e seguindo a canção”.

Ellwanger só conseguiu retornar ao Brasil em 1977, já com 30 anos, com a sua condenação caducando à revelia pela prescrição da pena. Mesmo sob tal condição, ao desembarcar no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, Ellwanger foi detido e mantido por quinze dias no cárcere. Depois de solto, voltou a articular a cena cultural de resistência em Porto Alegre, sendo um dos integrantes do ato-show que protestou contra a prisão de Olívio Dutra, que era então presidente do Sindicato dos Bancários (e mais tarde se tornaria prefeito, governador e um dos nomes mais importantes do PT Gaúcho).

Nos anos 1980, Raul Ellwanger foi um ativo participante durante o movimento Diretas Já e se tornou um dos expoentes da música popular brasileira, cantando na Europa, em Cuba e em toda a América Latina, sempre pautando direitos humanos e temas contra ditaduras em seu repertório.

Raul Ellwanger militando na candidatura de Dilma Rousseff – Foto: Arquivo pessoal

O compositor conta que ficou sabendo do sequestro de Rubens Paiva enquanto estava no Chile: “Esse assunto começou quando eu e muitos outros estávamos exilados no Chile. E pelas informações e infiltrações que havia lá, chegou-se a notícia de que alguém, que eu não sei quem é, não tenho detalhes disso, traria uma carta, alguma coisa, para o Rio de Janeiro. Então, foi isso que motivou o sequestro dessas pessoas já no aeroporto e, imediatamente, todas as consequências que são sabidas do desaparecimento, ocultação e eventual assassinato do ex-deputado Rubens Paiva”. Ele completa sobre esse fato marcante da ditadura: “O episódio do deputado Rubens Paiva mostra mais uma faceta da organização persecutória que tinha o regime aqui no Brasil contra os seus cidadãos”.

O ex-exilado também reflete sobre o aparelhamento do Estado durante o período de chumbo: “O próprio Serviço Diplomático Brasileiro de Itamaraty foi transformado em mecanismo de perseguição, espionagem, repressão, delegação de passaporte, entrega de informações ao regime. Houve relatos de diversos companheiros nossos de que foram interrogados no Estádio Nacional do Chile, a partir do fatídico 11 de setembro, por policiais brasileiros. Dizem terem sido torturados e, pelo menos dois deles, foram objeto de aulas para melhor preparar os policiais chilenos em técnicas para arrancar informações”, rememora Raul, que pondera ainda que esse passado macula a história da diplomacia brasileira.

Ellwanger reflete sobre a história de golpismo militar no Brasil: “Infelizmente, isso que aconteceu e essa situação não resolvida, sem a verdadeira averiguação judicial e eventual penalização dos criminosos daquela época, implica que eles ainda estão operando, recebendo suas aposentadorias e semeando essa ideologia criminosa nos seus subalternos, nos institutos militares, nas escolas, perpetuando assim essa verdadeira espada que pende sobre a cabeça do Brasil há 60 anos”.

O músico também menciona que estava exilado com outros militantes no Chile quando recebeu a informação de que alguém enviaria uma carta do Chile para o Rio de Janeiro. Contudo, ele não sabia de quem se tratava. Era uma correspondência da exilada Helena Bocayuva (filha do deputado cassado pelo golpe Bocayuva Cunha) para o deputado Rubens Paiva. Os emissários da carta foram interceptados pelos agentes do governo no aeroporto e presos. O departamento de inteligência da repressão suspeitou que o receptor da carta, Rubens Paiva, atuaria junto ao MR-8 no sequestro do embaixador dos EUA no Brasil, Charles Burke Elbrick, e levou o parlamentar para interrogatório. O resto, a história reconheceu após muita batalha da viúva e ex-prisioneira política e ativista Eunice Paiva. “A tragédia lamentável que viveu essa família sob a direção dessa mulher admirável, a dona Eunice, trouxe pouco à baila eventos que ocorreram também lá do outro lado da cordilheira e que, entretanto, refletiram tão dolorosamente, não só no caso da família Paiva, mas de muitas outras famílias”, conta Raul.

Durante seu exílio, o compositor escreveu O Pequeno Exilado, canção que apresenta a perspectiva dos filhos dos brasileiros que foram obrigados a buscar refúgio em outras “plagas”. Além dessa, Raul Ellwanger compôs outras músicas que abordam questões envolvendo a ditadura, como a Canção do Desaparecido, cujos versos dizem:
“O que será da mãe, o que será do irmão, daquele que não voltou? / De repente sumiu sem deixar um sinal, um perfume de si / O que fizeram de ti, que destino fugaz te levou? / Só queria tocar tua mão, ver teu sorriso, enfim / Sentir passos na escuridão / Os teus braços voltando pra mim”.

CELSO LUNGARETTI – O NÁUFRAGO DA DISTOPIA

Celso Lungaretti, paulista de 74 anos, jornalista, participou de movimentos de resistência à ditadura militar pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) a partir de 1969. Junto dele, outros seis amigos ingressaram no VPR, sendo dois deles assassinados antes de completarem dois anos de militância, enquanto os outros cinco foram presos.

Em 16 de abril de 1970, Lungaretti foi preso, acusado de ser o delator da área de treinamento da VPR em Registro/SP. O jornalista foi usado como “bode expiatório” por integrantes do movimento, que o indicaram como traidor, não sem antes submetê-lo a boas doses de tortura. Seu nome surgiu como alternativa para proteger dirigentes do escalão nacional.

Na manhã em que foi preso, Celso foi sumariamente torturado física e psicologicamente, sendo obrigado a escrever manifestos e conceder entrevistas públicas renegando seu passado revolucionário. Também foi orientado a criticar os movimentos armados de resistência. As torturas se intensificaram com o passar do tempo: “No meu terceiro dia preso, depois de ter passado por várias sessões de pau-de-arara, choques e espancamentos, o médico segredou algo ao ouvido do oficial, que ordenou que não me torturassem mais. Naquele dia passaram a me administrar calmantes. Talvez eu estivesse próximo de morrer”, desabafa o ex-prisioneiro, que ao todo ficou 75 dias sob custódia do exército.

Entre os métodos de tortura mais horríveis, Celso Lungaretti lembra daqueles que mais o marcaram: “O choque, aplicado com os eletrodos pendurados nos dedos e nas orelhas, podia facilmente afetar o cérebro, pois a sensação era como se um raio atravessasse minha cabeça; também lembro quando encostavam os eletrodos nos meus testículos”. Ele temeu danos permanentes no cérebro ou esterilidade. Contudo, a sequela definitiva foi a perda de audição no ouvido direito, causada por um tapa que rompeu seu tímpano quando era levado de volta à solitária da PE da Vila Militar. “Passei por três cirurgias; durante vários anos, sofri de ataques de tontura porque meu ouvido cicatrizou de forma inadequada durante a prisão, sem receber nenhum cuidado além de gotas ineficazes, o que provocou labirintite”.

Celso Lungaretti frente a um tribunal de exceção na ditadura

Celso Lungaretti jamais esqueceu do militar que o agrediu a ponto de deixar esse dano irreversível: o cabo Marco Antônio Povorelli. “Ele fazia parte de uma quadrilha de oficiais e soldados mancomunados com contrabandistas. Quando o capitão Guimarães abandonou a farda para não ser preso, o cabo pediu baixa também e foi ser seu guarda-costas na contravenção”.

Outro impacto foi o trauma emocional: “Eu era uma pessoa muito equilibrada, mas, quando fui libertado, passei um ano com comportamento agressivo e me colocando insensatamente em situações perigosas. O ‘achatamento’ na prisão provocava essa necessidade de afirmação”.

Lungaretti ficou preso no mesmo local onde Rubens Paiva foi assassinado: o quartel da PE da Tijuca, sede do DOI-Codi/RJ. Sobre a morte do deputado, Celso teoriza: “Minha suposição é que ele foi torturado além do suportável, resultando nesse ‘acidente de trabalho’, mas não havia intenção premeditada de executá-lo”. Ele acredita que o perfil de Paiva não se encaixava no dos prisioneiros normalmente executados pelo DOI-Codi: “O Devanir José de Carvalho e o Eduardo Leite ‘Bacuri’, que eram militantes da guerrilha urbana e tinham participado de ações armadas, trocado tiros com os agentes da repressão política, esses sim tinham mais o perfil das intenções de morte dos militares”.

“É bem provável que ele tenha sido torturado por alguns dos que fizeram o mesmo comigo. E, embora eu tivesse apenas 19 anos, um oficial visitante, ao ver minha expressão, fez com que os torturadores chamassem um médico para me examinar. Ele foi atendido a contragosto”, recorda Lungaretti, que acredita que esse fato foi determinante para sua sobrevivência.

Cartaz de “procurados” em que Celso aparece como terrorista e assassino

Segundo Celso, pelo menos 20 amigos ou companheiros de resistência foram assassinados durante a ditadura. “Jamais disparei um tiro, nunca feri ninguém, mas os cartazes de ‘procurados’ me acusavam de ter roubado e assassinado vários pais de família”, lamenta o ex-militante da VPR.

Celso Lungaretti sofreu com a difamação de ser tratado como traidor da causa, o que lhe trouxe dificuldades para atuar na imprensa. Ele conseguiu restabelecer a verdade dos fatos sobre não ser o delator do VPR apenas em 2004, com a revelação de um relatório militar secreto e a intervenção do historiador Jacob Gorender. Em 2005, lançou o livro Náufrago da Utopia: Vencer ou Morrer na Guerrilha aos 18 Anos. Desde então, atua como blogueiro em defesa dos ideais revolucionários, dos direitos humanos e do pensamento crítico.

ADRIANO DIOGO – UMA VIDA DEDICADA A COMBATER A DITADURA

Adriano Diogo, paulista de 75 anos, é geólogo formado pela USP. Foi vereador por quatro mandatos em São Paulo, deputado estadual por mais três, além de ter sido secretário municipal de Meio Ambiente durante a gestão Marta Suplicy, de 2003 a 2004. Adriano também foi coordenador do setor de Direitos Humanos do PT e presidiu a Comissão da Verdade “Rubens Paiva”, instaurada em São Paulo de 2012 a 2015.

Durante a juventude, Adriano Diogo foi militante universitário da ALN, grupo de resistência à ditadura liderado por Carlos Marighella. Em março de 1973, foi sequestrado e torturado pelo DOI-CODI de São Paulo, chefiado por Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Na manhã de sua prisão, Adriano foi abordado por militares disfarçados, escondidos em um caminhão da Folha de S. Paulo. Eles invadiram o prédio onde ele morava e o levaram para o porta-malas de um carro. Chegando ao DOI-CODI, teve o capuz que cobria sua cabeça removido e enfrentou espancamentos frequentes. “Passei por um corredor polonês antes de ser recebido pelo então major Alberto Brilhante Ustra”, conta.

Adriano Diogo e a então prefeita de São Paulo Luiza Erundina

Ustra, conhecido pela brutalidade, havia acabado de comandar a execução de Alexandre Vannucchi Leme, colega de Adriano na Geologia da USP. O torturador fazia questão de narrar detalhes do assassinato para intimidá-lo. O corpo de Vannucchi foi atropelado por um caminhão e descartado na rua como se fosse suicídio. “A farsa foi tão gritante que o arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, organizou uma missa em memória do estudante. Isso gerou uma reação que deixou Ustra ainda mais violento contra os prisioneiros”, lembra Adriano.

Diogo passou três meses preso, sendo parte desse tempo em isolamento em uma cela forte. Depois, ficou 45 dias no DOPS, sob o comando de outro torturador, Sérgio Paranhos Fleury, envolvido no caso conhecido como “Massacre da Chácara São Bento”. Fleury, um psicopata morto num afogamento para lá de suspeito, também ordenou a execução de Edgard Aquino Duarte, marinheiro preso junto de Adriano.

Após ser libertado, Adriano dedicou sua vida ao ativismo em Direitos Humanos. Como parlamentar, propôs diversas iniciativas, incluindo a criação do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, além de homenagens às vítimas da ditadura, como a substituição de nomes de torturadores em espaços públicos. Ele também foi responsável por emendas que possibilitaram a preservação de acervos históricos, como o Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro.

SÉRGIO DE AZEVEDO – A MEMÓRIA QUE TEIMA EM NÃO MORRER

Sérgio de Azevedo, ou “Frederico”, como era conhecido na militância, hoje com 78 anos, sofre com Alzheimer em estado avançado. Sua filha, Maria Petrucci, mantém viva a memória de sua luta como símbolo da resistência contra a ditadura militar.

Estudante de Administração Pública na década de 1960, Sérgio usava seu apartamento como um “aparelho” — refúgio para reuniões clandestinas. Em um encontro marcado com uma colega, Anita, Sérgio foi preso após perceberem que ela havia sido capturada e torturada. Ao vê-la sendo levada ensanguentada, ele correu para abraçá-la, momento em que foi espancado e levado pelos militares.

Sérgio passou cinco dias deitado no chão de sua cela, onde havia a inscrição: “Aqui o filho chora e a mãe não vê”. Embora tenha sido poupado de torturas físicas mais intensas, presenciou episódios traumatizantes, como militares obrigando um padre a correr nu enquanto rezava o Pai Nosso.

Maria Petrucci com a foto do pai, Sérgio Azevedo, vítima da ditadura

Após dois meses de prisão, Sérgio conseguiu sua soltura com a ajuda de um conhecido na Marinha. Viveu sob constante vigilância, exilando-se no Chile e, posteriormente, na Argentina, até retornar ao Brasil no final dos anos 1970.

Apesar de sua libertação, Sérgio carregou as marcas psicológicas da repressão. Durante o depoimento na Comissão Nacional da Verdade, falava sobre a ditadura com medo e nervosismo. Em 2018, foi diagnosticado com demência, agravada por anos de uso de ansiolíticos.

Maria, sua filha, destaca que o legado de resistência do pai precisa ser lembrado, principalmente frente às ameaças de revisionismo histórico. “Hoje, ele já está em estágio avançado do Alzheimer, e muito debilitado. Tem dificuldade para se comunicar, para formar frases e até mesmo para nos reconhecer”, comenta Maria, a filha de Sérgio. “Uma vez eu estava cantando Chico Buarque para ele e ele disse para eu não cantar aquilo que iam me prender”.

Maria e o pai nos dias de hoje

MEMÓRIA, JUSTIÇA E VERDADE

A Comissão Nacional da Verdade, em seu relatório final, reconheceu 434 mortes e desaparecimentos políticos entre 1946 e 1988, sendo a maioria durante o regime militar. A história de Rubens Paiva, Raul Ellwanger, Celso Lungaretti, Adriano Diogo e Sérgio de Azevedo mostra que a luta pela memória e justiça segue viva, resistindo à tentativa de apagar os horrores da ditadura.

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Last Update: 27/12/2024