O programa Nova Economia da última quinta-feira (6) debateu um dos temas mais comentados na área econômica nas últimas semanas: criptomoedas e o impacto para as moedas e Estados, tendo em vista que as moedas digitais, amplamente defendidas pelo presidente norte-americano Donald Trump, não têm lastro. 

O presidente dos Estados Unidos, inclusive, chegou a lançar sua própria criptomoeda, a TRUMP, que já está na mira da Public Citizen, um grupo de defesa do consumidor, que se queixou à Justiça sobre possíveis violações de leis federais e éticas cometidas pelo presidente megalomaníaco e sua nova meme moeda.

Rogerio Studart, economista e sênior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, ressalta que as criptomoedas teriam, supostamente, condições de acelerar as transações nacionais e internacionais com menor custo. 

“O outro tema é a criação do ativo. A criptomoeda se tornou um ativo em que as pessoas cobiçam e querem vender, é uma outra questão, e esse ativo ele cresceu muito rapidamente de uma forma descontrolada. O tamanho hoje em dia de transações diárias é US$ 659 bilhões, a capitalização hoje em dia são US$ 18.5 trilhões”, afirma o economista. 

No entanto, apesar das falhas tentativas de alguns países, entre eles os europeus, em tentar regulamentar a criptomoeda, tal debate foi esvaziado a partir da posse de Trump. 

Assim, as criptos se transformaram em uma possibilidade de poupança pessoal e investimento, que podem gerar instabilidades financeiras e, consequentemente, crises. 

“As criptomoedas afetam a capacidade das autoridades monetárias, não é só de controlar o dia a dia desses mercados que ela deveria fazer, mas em um determinado momento se estoura uma crise, quem é que segura essa crise para evitar que ela se torne sistêmica e derrube todo o sistema?”, emenda o convidado. 

Jorge Ferreira Filho, professor de Finanças e Governança Corporativa na ESPM e doutor em Administração pela ESPM com pesquisa em International Business e Mercado Financeiro, também participou do debate e lembrou que, pelo manual básico de economia, “ativos eletrônicos não se comportam muito bem como moeda”.

“A moeda tem basicamente três funções, meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. A função reserva de valor, apesar de a gente não conhecer o ativo subjacente, é a grande função hoje da criptomoeda. As pessoas estão operando criptomoeda no mercado como reserva de valor, para fazer dinheiro, principalmente o investidor de curtíssimo prazo que quer ganhar o dinheiro lá no Bitcoin e a gente precisa entender que o Bitcoin teve uma valorização enorme quando começou a ficar patente que o Trump ia ganhar as eleições”, comenta.

Naquela época de campanha eleitoral, o Bitcoin estava cotado a US$ 72 mil. Logo nos dias próximos da eleição, a cotação chegou a US$ 106 mil. Atualmente, é vendida por US$ 93 mil. “Ele é um ativo de reserva, ele é uma reserva de valor, mas ele não se comporta ainda como meio de troca. Não tem um país que tenha adotado”, continua Ferreira.

“Tem algumas grandes do mercado, algumas empresas grandes do mercado que aceitam a criptomoeda como pagamento, mas ela ainda não é efetivamente um meio de troca. E ela também não é uma unidade de conta. Quando a gente fala de unidade de conta, os economistas que estão aqui sabem, quer dizer, ela é uma unidade de reserva dos governos até pela volatilidade”, emenda o professor. 

Impacto

Enquanto a discussão sobre as criptomoedas avançam, países tentam desenvolver suas próprias moedas, a exemplo do DREX, o real eletrônico brasileiro. 

Outro ponto relevante sobre as criptomoedas é a possibilidade de colapso grande que a criptomoeda pode causar, o que afetaria, inclusive, a economia brasileira.

“Sobre o impacto no Brasil, é que se você tiver um, não é só, você tem 5 a 8 milhões de usuários, é isso professor, de criptomoedas no Brasil. Claro que você tem uma concentração de renda, se aí são alguns bilhões. Tem dois fatores. Primeiro, o que aconteceu no mercado internacional, o impacto vem como veio a crise financeira de 2008, 2009, que começou nos Estados Unidos e pegou todo mundo, inclusive o Brasil. E não foi uma simples marolinha. E a segunda coisa, o problema é que a gente, assim como em 2009, a gente tem mais incógnitas sobre quem é que está mantendo isso, qual o volume, o que estão fazendo com isso, se as pessoas estão se endividando para comprar isso, do que sabemos efetivamente”, conclui Studart.

Confira o debate na íntegra em:

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Last Update: 08/02/2025