O debate sobre o retorno ao trabalho presencial voltou ao centro das discussões corporativas.
Após anos de adaptação ao home office, muitas empresas avaliam se devem retomar o regime 100% presencial.
No entanto, a decisão envolve impactos que vão além da logística, afetando produtividade, engajamento e saúde mental dos funcionários.
Para ajudar nesse processo, o COO Marcelo Martins elencou os principais pontos positivos e negativos da migração.
Fortalecimento da cultura corporativa
Entre os benefícios, Martins destaca o fortalecimento da cultura organizacional.
A convivência diária entre as equipes favorece a construção de laços, o senso de pertencimento e o alinhamento aos valores da empresa.
“O ambiente físico intensifica as relações interpessoais e deixa a cultura corporativa mais evidente”, afirma o executivo.
Melhora na comunicação e colaboração
Outro fator positivo é a comunicação.
Martins observa que o contato presencial aumenta o número de interações e reduz os ruídos de informação.
“Ter clareza nos objetivos e manter todos os níveis hierárquicos alinhados é mais fácil quando todos estão no mesmo ambiente”, reforça.
Acompanhamento mais próximo da equipe
A proximidade também facilita o acompanhamento de entregas e o feedback em tempo real.
Porém, o especialista alerta para o risco de microgerenciamento.
Segundo pesquisa da consultoria Monster, 73% dos profissionais consideram esse comportamento um dos principais sinais de uma gestão tóxica.
Separação entre vida pessoal e profissional
A volta ao escritório pode ajudar a estabelecer limites mais claros entre o trabalho e o tempo livre.
Martins lembra que, no home office, muitos profissionais enfrentam dificuldade para equilibrar produção e descanso.
A situação, segundo ele, pode levar a quadros de esgotamento e queda de produtividade.
Redução do isolamento social
Outro aspecto positivo é o combate ao isolamento.
Interagir com colegas no ambiente de trabalho contribui para a saúde mental e para o bem-estar emocional.
O especialista ressalta que o trabalho, por ocupar grande parte da vida adulta, deve também ser um espaço de socialização.
Perda de flexibilidade e qualidade de vida
Por outro lado, o retorno ao presencial traz desafios.
A perda de flexibilidade é um deles.
Em grandes cidades, o tempo gasto no deslocamento pode impactar diretamente a qualidade de vida dos trabalhadores.
Menos tempo para atividades físicas, descanso e convívio com a família são algumas das consequências.
Menor atratividade para talentos
Outro risco é a dificuldade em reter profissionais qualificados.
Com o avanço das contratações internacionais e a oferta de trabalho remoto por empresas estrangeiras, a disputa por talentos se tornou global.
Martins alerta que exigir presença física pode levar os melhores candidatos a aceitar propostas de empresas de fora do país.
Risco de desmotivação interna
O especialista também chama atenção para a necessidade de avaliar o impacto da decisão na motivação das equipes.
Estudo da Michael Page revelou que seis em cada dez brasileiros trocariam de emprego para fugir do trabalho 100% presencial.
Segundo Martins, a decisão deve ser baseada em análises concretas e não em tendências momentâneas.
Aumento de custos operacionais
Por fim, há o fator financeiro.
O retorno ao escritório exige novos investimentos em aluguel, manutenção, energia, materiais e benefícios como transporte e alimentação.
Martins reforça que todas essas despesas devem ser consideradas no cálculo de viabilidade da mudança.
A recomendação é que as lideranças avaliem os impactos em produtividade, engajamento e saúde organizacional antes de tomar uma decisão definitiva.