Trump apresentou dados comparando taxa de homicídios em diferentes capitais

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citou Brasília como exemplo de uma capital violenta em um discurso na segunda-feira (11/8), enquanto anunciava estado de emergência na segurança pública de Washington DC.

O argumento usado pelo presidente foi o de que a capital dos EUA teria uma taxa de homicídios maior do que a de outras capitais citadas.

Além da capital brasileira, Trump também mencionou Bagdá, Cidade do Panamá, San José, Bogotá, Cidade do México e Lima. E acrescentou: “(Washington tem) o dobro e o triplo (de taxas de homicídio) de todas elas. Você quer viver em lugares assim? Eu acho que não.”

O secretário de segurança pública do DF, Sandro Avelar, respondeu à BBC News Brasil:

“O que o presidente Trump disse pode ser uma surpresa para muitos, mas é apenas a realidade dos números, baseada no índice mundialmente aceito de casos de homicídios a cada 100 mil habitantes. Em 2024, tivemos o menor número de homicídios de toda a série histórica do DF, medida desde 1977. Foram 6,9 casos para cada 100 mil habitantes, número que nos aproxima dos países europeus.”

Os números mostram que Washington DC, de fato, possui taxa maior de homicídios do que o Distrito Federal.

Em Washington DC, houve 274 homicídios em 2024, segundo o relatório District Crime Data at a Glance, da Polícia Metropolitana. Isso equivale a 39 homicídios a cada 100 mil habitantes.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com dados de 2024, mostra 266 mortes violentas intencionais no DF, uma média de 8,9 por 100 mil habitantes. O dado de 266 mortes é a soma de casos de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora.

Já o Atlas da Violência aponta que houve 347 homicídios em 2023 no DF, ou 11 homicídios a cada 100 mil habitantes. A publicação é produzida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Em entrevista ao Estadão, o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) disse que vai enviar à Embaixada dos Estados Unidos no Brasil um relatório com esclarecimentos sobre os dados.

Ele disse que faria “uma resposta bem educada” e que “os números são muito bons”.

Disse, ainda, que fez questão de incluir no texto que é de centro e “não concorda com a posição do governo central”, possivelmente em referência à briga de Lula e Trump.

Trump declarou emergência

Manifestantes se reuniram em frente à Casa Branca contra as medidas anunciadas por Trump | Jim Lo Scalzo/EPA

Ao declarar estado de emergência de segurança pública na capital do país, Trump colocou a polícia de Washington sob controle federal — passando a ser comandada pela procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi — e policiais e agentes do FBI foram enviados às ruas. A Guarda Nacional também foi convocada, com mobilização de 800 agentes.

Chamando a ação de “dia da libertação” da capital, Trump afirmou, em entrevista coletiva, que é hora de “ações drásticas”, para expulsar moradores de rua e prender “jovens criminosos”.

Em uma série de postagens na rede Truth Social, o presidente americano afirmou que planeja tornar a cidade “mais segura e mais bonita do que nunca”.

Ele disse que Washington DC foi “tomada por gangues violentas e criminosos sanguinários”, bem como por “maníacos drogados e moradores de rua”.

Em reação às medidas, um protesto se formou em frente à Casa Branca, atraindo dezenas de pessoas que gritam coisas como “tirem as mãos de Washington DC” e “protejam o governo autônomo”, segurando cartazes com os dizeres “Libertem Washington DC”.

Publicado originalmente pela BBC News em 12/08/2025

Por Luiz Fernando Toledo – BBC News Brasil em Londres

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 12/08/2025