
O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, protagonizou uma cena constrangedora no seu interrogatório no STF, nesta terça-feira (10), ao interromper de maneira ríspida seu advogado, Andrew Farias. O episódio aconteceu durante a audiência sobre a trama golpista do 8 de janeiro, que visou a destituição do governo após as eleições de 2022.
Ao ser questionado por Farias sobre uma reunião de 14 de dezembro de 2022 com os ex-comandantes das Forças Armadas, Nogueira o interrompeu de forma abrupta: “Vai me perguntar sobre a reunião, cara?”, antes de seguir com uma resposta que deixou o advogado visivelmente constrangido.
O embaraço não parou por aí. Quando Farias tentou perguntar sobre redes sociais, Nogueira novamente repreendeu o advogado, dizendo: “Você não combinou comigo, viu? Mas tudo bem.” A situação provocou risos até mesmo entre os presentes na audiência, incluindo o ministro Alexandre de Moraes.
a patada do General Paulo Sérgio Nogueira no próprio advogado que nem ele e nenhum outro advogado quis perguntar qualquer coisa pro cara pic.twitter.com/LIVy9DaoKg
— William De Lucca (@delucca) June 10, 2025
Em sua defesa, Nogueira aproveitou o momento para se desculpar pelas declarações de 2022, que classificou como inadequadas e influenciadas pela sua formação militar. O ex-ministro reconheceu erros ao se referir ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à Comissão de Transparência Eleitoral, explicando que jamais teve a intenção de tratar essas instituições como inimigas.
Além disso, Nogueira negou que o ex-presidente Jair Bolsonaro o tenha pressionado para modificar o relatório técnico das Forças Armadas sobre o sistema eleitoral, um tema central no processo.
Ele também se explicou sobre a decisão de não divulgar o relatório antes do primeiro turno das eleições, ressaltando que isso seguiu uma recomendação técnica do coronel Wagner Oliveira.

Nogueira também abordou os rumores sobre uma possível ruptura institucional e afirmou ter tomado a iniciativa de reunir os comandantes das Forças Armadas para acabar com qualquer especulação sobre um golpe. Ele explicou que essa reunião teve o objetivo de preservar a coesão interna das Forças e garantir que a ideia de ruptura não fosse mais discutida.
O ex-ministro ainda comentou sobre Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, e sua influência dentro do Palácio do Planalto. Nogueira afirmou que Cid tinha grande autonomia e que sua posição dentro da estrutura de poder era reconhecida por todos no entorno da Presidência.
Em um dia cheio de revelações, Paulo Sérgio Nogueira tentou controlar a narrativa sobre sua atuação no governo Bolsonaro, buscando se distanciar de ações controversas, ao mesmo tempo que provocou desconforto com o tom ríspido adotado durante o interrogatório.