
O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), descreveu os momentos de tensão vividos durante os ataques do Irã contra Israel, no último dia 13. Em viagem oficial a convite da embaixada israelense no Brasil, ele relatou que sentiu medo de morrer. “Pensei que nunca mais veria minha família”, disse à coluna da jornalista Môniga Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Damião estava em Tel Aviv, onde permaneceu por quatro dias após o início dos bombardeios, só conseguindo deixar o país em 17 de junho. Segundo ele, a viagem — que incluía visitas a feiras de tecnologia e segurança — foi oferecida como segura, distante da Faixa de Gaza. “Ninguém sabia que o Irã iria atacar”, afirmou.
Ao lado de cerca de 40 autoridades brasileiras, entre prefeitos, governadores e secretários, ele ficou abrigado em um hotel com estrutura reforçada. “Corríamos perigo só se o míssil caísse na nossa cabeça”, relatou. Eles usavam um aplicativo para receber alertas e desciam para o abrigo de três a quatro vezes por dia. “Não tinha como dormir.”
Na madrugada de segunda-feira (16), Damião e mais 11 autoridades foram escoltados por militares israelenses até a fronteira com a Jordânia, em um trajeto de duas horas em vans comuns. “Se houvesse ataque, a orientação era sair do carro, se afastar e deitar no chão”, explicou. Ao chegar na fronteira, cada um pagou US$ 100 (cerca de R$ 550) para cruzar até o lado jordaniano, onde foram recebidos por diplomatas brasileiros.

O grupo seguiu por mais seis horas até a Arábia Saudita. Lá, embarcaram em um ônibus providenciado pelo deputado Mersinho Lucena (PP-PB), filho do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, também presente na missão. De lá, pegaram um voo particular de volta ao Brasil, com escala em Cabo Verde.
“Era para ter um avião da FAB, mas tivemos que pagar por tudo. Só tenho pena de quem ficou”, afirmou Damião. A embaixada de Israel mantém os convites a políticos brasileiros, mesmo com a recomendação do Itamaraty para evitar zonas de conflito. Questionado sobre sua decisão, o prefeito rebateu: “Você acha que sou burro de ir para um país em guerra?”