O presidente norte-americano Donald Trump anunciou, nesta terça-feira (6), a suspensão dos bombardeios dos Estados Unidos contra o Iêmen. A decisão marca o fim de uma ofensiva criminosa que já durava seis semanas, criticada tanto no interior do Partido Republicano quanto entre parlamentares do Partido Democrata.

Durante coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, na Casa Branca, Trump afirmou que a medida se deu após uma suposta promessa das autoridades de Saná de cessar os ataques a embarcações norte-americanas no Mar Vermelho. “Os iemenitas não querem lutar, e vamos parar de bombardeá-los. Acreditamos na palavra deles de que não atacarão mais navios”, declarou.

Apesar da ausência de um acordo formal, o governo dos Estados Unidos afirmou confiar na “disposição genuína por calma” por parte dos iemenitas. Segundo Trump, “não há razão para continuar os ataques aéreos desde que o Iêmen mantenha seu compromisso”.

Segundo a emissora libanesa Al Mayadeen, a suspensão está sendo intermediada por Omã. Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores do país confirmou que “ambas as partes se comprometeram a não realizar operações militares entre si”, elogiando a “abordagem construtiva” de Washington e de Saná.

Iêmen continuará apoiando a Palestina

Horas após o anúncio norte-americano, o partido Ansar Alá, que governa o Iêmen, desmentiu qualquer acordo de cessar-fogo com os Estados Unidos. Em entrevista à Bloomberg, o dirigente Mohammed al-Bukhaiti afirmou que as operações militares no Mar Vermelho e contra “Israel” continuarão enquanto persistirem a ofensiva em Gaza e o cerco à população palestina. “As operações de apoio a Gaza não cessarão, aconteça o que acontecer”, declarou.

O membro do Conselho Político Supremo do Iêmen, Muhammad Ali Al-Houthi, afirmou que o anúncio de Trump será avaliado “no terreno” e classificou o recuo norte-americano como uma vitória da resistência. “É um triunfo que separa o apoio dos EUA à entidade sionista e representa o fracasso de Netaniahu, que deveria apresentar sua renúncia”, declarou.

Bombardeios israelenses continuam

Mesmo após o anúncio de trégua feito por Trump, a entidade sionista manteve sua ofensiva contra o Iêmen. Ainda na terça-feira, aviões de guerra israelenses lançaram uma série de ataques contra a capital Saná e outras localidades. Entre os alvos estavam o aeroporto internacional da cidade, uma fábrica de cimento em Amran, instalações elétricas e portos, todos alvos civis.

Segundo o Ministério da Saúde do Iêmen, os ataques resultaram no assassinato de três civis e deixaram ao menos 38 feridos. As autoridades de Saná denunciaram que os locais atingidos não possuíam função militar e que suas coordenadas haviam sido previamente informadas à ONU e à Cruz Vermelha, como tentativa de evitar ações desse tipo.

O Ministério das Relações Exteriores do Iêmen classificou os bombardeios como “um ataque direto contra o povo iemenita” e advertiu que a agressão não ficará sem resposta. “Esses ataques visam punir o Iêmen por sua solidariedade com a Palestina e por seu papel na resistência à ofensiva genocida em Gaza”, afirmou o Ministério.

Resposta da resistência e continuidade do bloqueio

O Birô Político do Ansar Alá divulgou uma nota reafirmando que os ataques sionistas “não ficarão sem resposta” e que a resistência iemenita seguirá com suas operações. “Os alvos destruídos já haviam sido bombardeados anteriormente pela coalizão saudita e voltarão a ser reconstruídos. O bloqueio aos aeroportos israelenses será mantido”, declarou Mohammed Al-Farah, dirigente do grupo.

As operações de represália já haviam sido intensificadas no fim de semana. No domingo (4), os militares iemenitas lançaram um míssil hipersônico contra o aeroporto de Ben Gurion, em Telavive, o que levou à suspensão dos voos por mais de uma hora e à paralisação de parte das atividades do terminal. Segundo o porta-voz das Forças Armadas do Iêmen, Iahia Saree, o míssil atingiu seu alvo com precisão e não foi interceptado pelos sistemas antimísseis norte-americanos e israelenses.

Após o ataque, as Forças Armadas iemenitas anunciaram a imposição de um bloqueio aéreo total contra “Israel”, advertindo todas as companhias aéreas internacionais para que suspendam os voos aos aeroportos localizados nos territórios ocupados. Companhias como Lufthansa, Air France, Delta e ITA Airways cancelaram voos com destino a Telavive nos dias seguintes ao ataque.

Crise entre ‘Israel’ e EUA?

Após os ataques israelenses contra Saná, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou que o país “não participou dos bombardeios israelenses” contra a capital iemenita e também não teria tido envolvimento direto nos ataques realizados na véspera, em Hodeida. A negativa, no entanto, não convenceu. De acordo com o jornalista Barak Ravid (Axios), o governo israelense sequer foi informado com antecedência da decisão norte-americana de suspender os bombardeios. “Trump nos surpreendeu”, afirmou uma fonte israelense de alto escalão.

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Last Update: 07/05/2025