A Polícia Técnico-Científica de São Paulo concluiu que as 62 vítimas do acidente aéreo em Vinhedo, interior de São Paulo, morreram devido a politraumatismo causado pelo impacto da queda da aeronave de uma altura de 4 mil metros na última sexta-feira (9).
Segundo Vladmir Alves dos Reis, diretor do Instituto Médico Legal (IML), “hoje, nós temos a convicção de que todos morreram de politraumatismo. É uma certeza científica, a aeronave despencou de uma altura de 4 mil metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande e todos eles sofreram politraumatismo”. Ele acrescentou que as queimaduras que levaram à carbonização de alguns corpos ocorreram após a morte causada pelo impacto.
O processo de reconhecimento dos corpos ainda está em andamento e não tem prazo para ser concluído. “Eu garanto para vocês que quando esses corpos forem entregues aos seus familiares eles vão ter 100% de certeza que realmente é aquela pessoa”, afirmou Reis à Globo. Para auxiliar nesse trabalho, a Polícia Científica do Paraná enviou 31 amostras de DNA e 19 de documentação odontológica.
Até a última segunda-feira (12), o IML já havia identificado 24 vítimas do acidente aéreo. Os primeiros corpos liberados aos familiares foram de José Carlos Copetti, Danilo Santos Romano (piloto da aeronave), Humberto de Campos Alencar e Silva (co-piloto), Hiales Fodra, Daniela Fodra e Pedro Gusson do Nascimento.
O acidente é o maior desastre aéreo no Brasil desde 2007. A aeronave da Voepass, um ATR-72-500, transportava 58 passageiros e quatro tripulantes. Ainda não se sabe o que causou a queda, mas a hipótese de estol — perda de sustentação — está sendo considerada, especialmente devido à possibilidade de formação de gelo nas asas, conforme apontado por especialistas.
A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou o cargueiro KC-390 para transportar os corpos das vítimas de São Paulo para o Paraná, de onde o voo que caiu partiu. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) já extraiu o conteúdo das caixas-pretas e pretende divulgar um relatório preliminar sobre as causas do acidente em 30 dias.
De acordo com a cronologia do acidente, o voo decolou às 11h56 e seguiu normalmente até as 13h20, quando a aeronave, que estava a 5 mil metros de altitude, começou a perder altura rapidamente.
Às 13h21, a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, e um minuto depois, às 13h22, registrou uma queda de aproximadamente 4 mil metros, atingindo 1.250 metros de altitude. A queda ocorreu a uma velocidade de 440 km/h, e a aeronave foi encontrada dentro de um condomínio após o ‘Salvaero’ ser acionado.
A Voepass afirmou que a aeronave estava com a documentação em dia e que todos os tripulantes tinham habilitação válida. O modelo ATR-72-500, fabricado pela empresa francesa ATR, é conhecido por sua capacidade de operar em pistas curtas e de difícil acesso, sendo amplamente utilizado no Brasil e em outras partes do mundo. A aeronave tinha 14 anos de fabricação e era considerada confiável no mercado.