
A artista Maria Farmer, uma das primeiras mulheres a denunciar o empresário Jeffrey Epstein, declarou que alertou o FBI duas vezes — em 1996 e novamente em 2006 — sobre um encontro perturbador com Donald J. Trump e sobre sua proximidade com Epstein.
As revelações podem explicar por que o nome do presidente norte-americano aparece nos arquivos confidenciais da investigação sobre o bilionário que mantinha uma rede de exploração sexual de menores.
Segundo Maria, então com pouco mais de 20 anos, ela havia sido abusada por Epstein e Ghislaine Maxwell e procurou as autoridades após também descobrir que sua irmã, ainda adolescente, havia passado por uma situação grave no rancho do magnata no estado do Novo México.
Durante o depoimento à polícia de Nova York e ao FBI, Maria pediu que os investigadores ampliassem o foco para outros nomes do círculo social de Epstein, citando explicitamente Trump, então uma figura pública de destaque, diz o New York Times.
Ela afirmou não ter provas de crimes cometidos por Trump, mas relatou à imprensa que o padrão de Epstein de se aproximar de garotas muito jovens enquanto mantinha laços com homens influentes, como Trump e o ex-presidente Bill Clinton, era alarmante.
Maria também mencionou que recebeu ameaças após fazer as denúncias, o que a levou a se afastar do meio artístico por anos.
As declarações reforçam a expectativa em torno dos documentos ainda não divulgados pela Justiça americana sobre o caso Epstein. Aliados de Trump têm criticado o sigilo em torno de figuras poderosas citadas nos autos, sugerindo omissão por parte das autoridades. O FBI não comentou as afirmações de Maria Farmer.
🟡 🇺🇲 TRUMP E LE GIOVANI MODELLE
Trump frequentava l’agenzia di top model Élite, il cui fondatore e alcuni dirigenti furono implicati in accuse di abusi sessuali ed erano in rapporti con Epstein. Cosa volete che dica adesso? 🫣🤐pic.twitter.com/svavqQbFv6— Massimo Montanari (@M25016096) July 19, 2025
Maria Farmer relembrou um encontro com Trump em 1995. Na época, ela se preparava para trabalhar para Jeffrey Epstein, que pediu que fosse até seu escritório em Manhattan. Ela compareceu ao local usando shorts de corrida e, segundo seu relato, Trump apareceu e ficou em pé próximo a ela, encarando suas pernas, o que a fez sentir medo. Quando Epstein entrou na sala, disse a Trump: “Não, não. Ela não está aqui para você.”
Enquanto Trump e Epstein se afastavam, Maria afirmou ter ouvido Trump dizer que achava que ela tinha 16 anos.
Trump, por meio do então diretor de comunicação da Casa Branca, negou que tenha visitado o escritório de Epstein. “O presidente nunca esteve lá”, afirmou Steven Cheung. “Na verdade, ele expulsou Epstein do clube dele por comportamento inadequado.”
Farmer relatou ao New York Times que trabalhou para Epstein em 1995 e 1996. Primeiro, foi contratada para ajudá-lo a adquirir obras de arte e depois para receber meninas, jovens e celebridades que frequentavam sua mansão no Upper East Side, em Nova York.
Em 1996, durante uma estadia na propriedade de Epstein em Ohio, Farmer contou que foi instruída a massagear os pés dele. Em seguida, disse ter sido violentamente apalpada por Epstein e Maxwell, fugindo da sala e se trancando em outra parte da casa. Também afirmou que, nesse período, duas fotos parcialmente nuas de suas irmãs desapareceram de um cofre onde estavam guardadas.
Embora não tenha sido convocada a depor no julgamento de Maxwell, sua irmã Annie testemunhou que Maxwell massageou seu tórax nu no rancho de Epstein no Novo México.
A mãe de Maria afirmou ao jornal que se lembra da filha contando sobre o encontro com Trump ainda em 1996, ano em que ela procurou o FBI. Annie Farmer também confirmou que a irmã falou às autoridades sobre Epstein e seus vínculos com Trump e Bill Clinton.
O New York Times verificou que registros do Departamento de Polícia de Nova York mostram que Maria conversou com o 6º Distrito Policial em agosto de 1996. Notas da entrevista dela ao FBI em 2006 confirmam esse relato.
Trump afirma ter cortado relações com Epstein há 20 anos, mas por um período os dois foram próximos, aparecendo juntos em fotos e vídeos. O nome de Trump consta nos registros de voos do avião de Epstein e na famosa “agenda negra” publicada pelo site Gawker. Um vídeo de 1992 mostra os dois conversando amigavelmente numa festa. Em 2002, Trump chegou a declarar que Epstein era um “cara sensacional”.

Uma carta de aniversário de 2003, supostamente escrita por Trump e recentemente divulgada pelo Wall Street Journal, chamava Epstein de “camarada” e fazia referência a um “segredo” compartilhado entre os dois. A carta também continha um desenho de uma mulher nua. Trump negou ter feito o desenho: “Eu não desenho, nunca desenhei nada na vida”, embora já tenha leiloado esboços assinados por ele.
Nos últimos meses, a relação de Trump com Epstein voltou a ser alvo de atenção após o FBI e o Departamento de Justiça dos EUA se recusarem a divulgar os arquivos completos do caso. As autoridades alegaram que Epstein cometeu suicídio na prisão e que não havia nenhuma “lista de clientes” — documento que setores da extrema direita acreditam conter nomes de figuras poderosas envolvidas numa suposta rede global de tráfico de menores.
A procuradora-geral Pam Bondi afirmou que o governo não buscará novas acusações com base nesses arquivos, o que gerou revolta entre apoiadores de Trump que esperavam que a liberação dos documentos confirmasse suas teorias conspiratórias sobre o caso.