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Conexões Emergentes: Brasil e Índia em Foco
Por Henrique Cochi Bezerra, Lucas Vecchietti Sassaroli Lima, Sophia Helena de Freitas Macedo
O crescimento massivo do gigante asiático pode soprar novos ares sobre a política externa brasileira: uma oportunidade de desenvolvimento bilateral.
A diplomacia indo-brasileira e o crescimento econômico indiano
O início das relações comerciais entre o Brasil e a Índia foi incentivado pelo fim da antiga União Soviética em 1991, haja vista que o país asiático passou a necessitar de alternativas para repor os antigos parceiros soviéticos. Assim, na busca por novos mercados, a Índia identificou o Brasil como a parceria mais estratégica da América Latina.
Um importante marco no início da relação comercial bilateral foi a visita, em 1996, do então presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, à Índia, sinalizando uma resposta brasileira positiva à aproximação indiana. Já com a virada do século, a década de 2000 representou uma forte aproximação entre os dois governos, sendo patrocinada pelo alto escalão político de ambos os países.
Além disso, um estratégico acordo comercial foi firmado entre os países membros do Mercosul e a Índia em 2004 em Nova Delhi: o Acordo de Comércio Preferencial (ACP) Mercosul-Índia, que garante a preferência comercial entre as partes envolvidas e taxas alfandegárias mais atrativas.
Ao que tange os valores oriundos da relação bilateral indo-brasileira, observa-se um grande salto entre os anos 2000 e 2010, saindo de US$271 milhões para US$4,2 bilhões. Mais recentemente, evidenciou-se uma nova gama de oportunidades a serem exploradas no que diz respeito à relação comercial, que atingiu a máxima histórica de US$15,2 bilhões em 2022, apesar da queda de 31% desse valor em 2023.
Oportunidades de cooperação entre Brasil e Índia
Identifica-se na agenda bilateral áreas de complementaridade econômica e tecnológica que começaram a receber maior atenção, particularmente em setores sensíveis para ambos os governos, como o energético, aeroespacial e de defesa.
No campo das energias renováveis, a cooperação entre o Brasil e a Índia mostra grande potencial, especialmente nas áreas de energia solar e biocombustíveis. O Brasil pode aproveitar o conhecimento indiano na produção e transmissão de energia solar, enquanto a Índia tem interesse em aumentar a utilização de etanol em sua matriz energética.
No setor espacial, a Índia está se consolidando rapidamente como um importante centro global para a fabricação e lançamento de satélites, impulsionada por políticas do governo Modi que incentivam a participação privada. O Brasil, que atualmente depende muito da colaboração com a China para seu programa espacial, poderia se beneficiar enormemente de uma parceria mais estreita com a Índia.
Na área de defesa, há grandes oportunidades para a relação bilateral, considerando que a Índia possui o quarto maior orçamento de defesa do mundo, com US$81,4 bilhões, enquanto o Brasil ocupa o 17º lugar, com US$20,2 bilhões.
Ao que tange às oportunidades do agronegócio, os crescimento econômico e populacional indianos acelerados geram, por consequência, aumento na demanda por alimentos. Por sua vez, o governo indiano se mostra cauteloso com relação à sua própria agricultura e sinaliza uma abertura controlada ao alimento importado.
Conclusão
É possível analisar que, apesar dos avanços notáveis no estreitamento de relações diplomáticas, ainda existe um vasto potencial inexplorado nas relações indo-brasileiras. O fortalecimento dos laços é constantemente dificultado pela distância geográfica, pelas diferenças linguísticas e culturais, pelos desafios internos de cada país e pelo desconhecimento mútuo predominante entre as sociedades brasileira e indiana.
Espera-se que os avanços alcançados nas últimas décadas sejam o alicerce para construir e aprimorar a parceria estratégica entre esses dois gigantes globais no século XXI. A ampliação do comércio, investimentos mútuos e colaborações em setores estratégicos serão fundamentais para fortalecer ainda mais essa relação, beneficiando as sociedades de ambos os países.