Vieira aponta inconsistências no PL da Dosimetria e propõe barrar avanço da proposta na CCJ

A tramitação do chamado PL da Dosimetria no Senado enfrenta resistência dentro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) anunciou que pretende apresentar um voto em separado pela rejeição do texto aprovado pela Câmara dos Deputados, por avaliar que a proposta pode produzir efeitos mais amplos do que o da redução da pena dos condenados pelo 8/1.

Segundo Vieira, a redação atual do projeto abre margem para a redução do tempo de cumprimento de pena em regime fechado e para uma aplicação que pode alcançar crimes distintos daqueles que motivaram sua apresentação. “Você tem ali uma redução de tempo de regime fechado e uma forma de aplicação da lei que pode ser aplicada a outros crimes. E isso é inaceitável”, afirmou.

O senador destacou que esta não seria a primeira vez que projetos enviados pela Câmara com objetivo específico acabam produzindo impactos mais extensos. “É a segunda vez que você tem textos vindos da Câmara dos Deputados com o objetivo declarado de atender a determinado fato e, quando você vai ver o texto, na realidade muito mais coisa é atingida”, disse.

Vieira tem discutido as inconsistências do projeto com o senador Sérgio Moro e com o relator da matéria no Senado, Esperidião Amin. Amin reconheceu haver problemas na proposta. Em declaração ao UOL, afirmou que “avalia a gravidade da discrepância” aprovada pela Câmara, destacando que o texto poderia beneficiar inclusive condenados por crimes de corrupção ou delitos sexuais.

De acordo com Amin, a situação se agrava porque Vieira identificou a criação de novos tipos penais no projeto, o que pode interferir diretamente em outra proposta já aprovada pelo Senado: o PL Antifacção, atualmente em análise pela Câmara. “Fica mais complicado, porque se o nosso texto [da dosimetria] vier a ser aprovado e transformado em lei, ele afetará e será afetado pelo texto do projeto das facções, que uma hora vai ser aprovado pela Câmara”, afirmou o relator.

A estratégia defendida por Vieira é apresentar formalmente um voto em separado recomendando a rejeição integral do PL na CCJ. Segundo ele, essa etapa poderia ser evitada caso o próprio relator optasse por rejeitar o texto. Nesse cenário, a proposta seria arquivada na comissão, obrigando a Câmara ou o Senado a elaborar um novo projeto.

“Pode ser necessária [a rejeição], porque a gente tem um texto que tem consequências que não são razoáveis”, afirmou o senador.

Artigo Anterior

Após encontro com eleitores, Kast vai se reunir com Boric ainda nesta segunda

Próximo Artigo

Mateus Simões faz enquete com seguidores sobre legalização das drogas

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!