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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, interrompeu o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, enquanto ele respondia a uma pergunta sobre a possibilidade de incorporação do Canadá pelos EUA.
O episódio ocorreu durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, nesta quinta-feira (27).
Nos últimos meses, Trump tem sugerido que os Estados Unidos poderiam anexar o Canadá e transformá-lo no “51º estado”. O presidente alegou que a força econômica norte-americana poderia ser utilizada para viabilizar essa medida.
Durante a entrevista, Starmer foi questionado sobre as declarações de Trump, especialmente pelo fato de o Canadá ainda integrar a Commonwealth, uma organização que reúne países com laços históricos com o Reino Unido. O premiê britânico tentou evitar uma resposta direta, alegando que a pergunta buscava criar um contraste entre ele e Trump.
“Acho que você está tentando encontrar uma divergência entre nós que não existe. Somos as nações mais próximas e tivemos ótimas discussões hoje, mas não falamos sobre o Canadá”, afirmou Starmer.
Antes que pudesse continuar, Trump o interrompeu, dizendo: “Já basta, obrigado”.
A Casa Branca negou que o presidente tivesse a intenção de cortar a fala do premiê britânico e alegou que o comentário foi direcionado ao jornalista.
So Donald Trump just cut off the British PM from finishing his sentence:
“You mentioned Canada, I think you’re trying to find a divide that doesn’t exist”
Trump: “That’s enough.”
What a fucking clown.
pic.twitter.com/Lu98mmaBfD— Lucas Sanders 💙🗳️🌊💪🌈🚺🟧 (@LucasSa56947288) February 27, 2025
As declarações de Trump sobre a incorporação do Canadá aos EUA já haviam causado tensões diplomáticas. No início de janeiro, antes mesmo de reassumir a presidência, Trump sugeriu publicamente que o país vizinho poderia se tornar parte dos Estados Unidos por meio de “pressão econômica”.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, rejeitou veementemente a ideia. “Nunca, jamais o Canadá fará parte dos EUA. Seria mais fácil uma bola de neve não derreter no inferno”, afirmou.
Em fevereiro, Trump voltou ao tema em suas redes sociais, argumentando que os EUA pagam “bilhões de dólares” para subsidiar o Canadá. “Sem esse subsídio massivo, o Canadá deixa de existir como um país viável. É duro, mas é a verdade! Portanto, o Canadá deveria se tornar nosso estimado 51º estado. Impostos muito mais baixos e proteção militar muito melhor para o povo canadense”, escreveu.
As falas de Trump provocaram reações no Canadá.
Um dos momentos mais marcantes aconteceu durante a final do campeonato “4 Nations Face-Off”, um torneio de hóquei entre seleções da América do Norte. Durante o evento, a cantora canadense Chantal Kreviazuk alterou a letra do hino nacional canadense durante sua apresentação.
No trecho “True patriot love in all of us command” (“Amor patriótico verdadeiro que comanda a todos nós”), a artista substituiu por “True patriot love that only us command” (“Amor patriótico verdadeiro que apenas nós comandamos”).
A mudança foi interpretada como um recado a Trump.
A seleção canadense venceu a partida por 3 a 2 na prorrogação contra os EUA e celebrou o título com entusiasmo, em meio à polêmica.
O posicionamento de Trump tem ampliado o atrito entre os países. Analistas políticos avaliam que a insistência do presidente americano nessa ideia pode gerar impactos negativos nas relações diplomáticas e comerciais entre EUA e Canadá. O governo canadense, por sua vez, tem reforçado sua soberania e descartado qualquer possibilidade de discussão sobre o tema.
A declaração de Trump também gerou preocupação no Reino Unido, que, historicamente, tem laços estreitos com o Canadá devido à Commonwealth. O premiê britânico, Keir Starmer, evitou comentar diretamente a polêmica, mas seu constrangimento na coletiva indicou o desconforto com a situação.
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