Carlos Almeida Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior depôs nesta quarta-feira (4) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e revelou novos detalhes sobre as reuniões no Palácio da Alvorada em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discutiu medidas para permanecer no poder após as eleições de 2022. O brigadeiro afirmou que até hoje sofre ataques nas redes sociais por ter se oposto ao plano golpista.

“Tem até hoje perfis no Twitter [rede social X] que colocam todos os dias a mim e à meia dúzia de generais chamando de ‘melancia’”, disse Baptista Junior, referindo-se ao termo usado por bolsonaristas para designar militares que consideram “verde por fora” (pela farda) e “vermelho por dentro” (em alusão ao PT).

“Os ataques vinham como ‘traidor da pátria’, ‘não é patriota’. São essas coisas que estão acontecendo lá até hoje. São muitos ataques”, completou.

Ameaça de prisão a Bolsonaro

Em seu depoimento à Primeira Turma do STF, o ex-comandante também confirmou o relato do então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, que teria ameaçado prender Bolsonaro caso ele insistisse no plano golpista.

“O general Freire Gomes é uma pessoa polida, educada. Logicamente ele não falou essa parte com agressividade com o presidente da República, ele não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, com muita calma, mas colocou exatamente isso: ‘se o senhor tiver que fazer isso, vou acabar lhe prendendo’”, afirmou Baptista Junior.

O militar detalhou que, após a derrota eleitoral, Bolsonaro realizou uma série de encontros com os comandantes das Forças Armadas no Palácio da Alvorada. Inicialmente, as discussões giravam em torno da possibilidade de decretar Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou estado de defesa/sítio.

Baptista Junior disse ainda que, entre os dias 11 e 14 de novembro, ficou “bastante preocupado” ao perceber que o real objetivo era impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A partir de um momento, eu comecei a achar que o objetivo de qualquer medida dessa, de exceção, era, sim, para não haver a assunção pelo presidente que foi eleito”, declarou.

O ex-comandante revelou ainda que foi enfático ao dizer a Bolsonaro que seu mandato terminaria em 1º de janeiro: “Eu falei com o presidente Bolsonaro: aconteça o que acontecer, no dia 1º de janeiro o senhor não será presidente”.

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Last Update: 03/06/2025