VÍDEO – “Se comporte”: Moraes ameaça prender Aldo Rebelo em depoimento

O ministro do STF Alexandre de Moraes e o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo. Fotomontagem: Carlos Moura/SCO/STF e EBC

O vídeo de uma discussão entre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, foi ao ar nesta terça-feira (3). Na ocasião, o magistrado ameaçou a prender o bolsonarista por desacato. O STF divulgou as gravações das audiências com testemunhas do processo sobre a trama golpista liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O caso ocorreu em 23 de maio, quando Rebelo depunha como testemunha de defesa do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha e um dos investigados no caso. A tensão começou quando o advogado de Garnier, Demóstenes Torres, questionou se a Marinha poderia ter dado um golpe sozinha. Rebelo tentou relativizar a interpretação de expressões usadas em reuniões do governo Bolsonaro.

“Na língua portuguesa, precisamos colocar em consideração a força de expressão. Quando alguém diz: ‘Estou frito’, não significa que esteja dentro de uma frigideira. Quando alguém diz: ‘Estou à disposição’, não significa literalmente o que quer dizer”, argumentou o ex-ministro de Lula e Dilma.

A resposta irritou Moraes, que interrompeu Rebelo: “O senhor estava naquela reunião? Não? Então, o senhor não tem condições de avaliar a língua portuguesa naquela ocasião. Atenha-se aos fatos”.

Ele retrucou: “A minha avaliação da língua portuguesa é minha. Não admito censura”.

Moraes então fez a ameaça: “Se não se comportar, será preso por desacato”.

O ex-ministro insistiu que estava se comportando, mas foi instruído a responder com “sim” ou “não”. A tensão só foi encerrada após intervenção do advogado de Garnier.

Em nota, o STF afirmou que não houve “bate-boca”, apenas uma “advertência formal” do ministro diante do comportamento considerado inadequado da testemunha.

Aldo Rebelo, ex-membro do PCdoB que nos últimos anos se aproximou do bolsonarismo, ocupou em 2023 a Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, na gestão de Ricardo Nunes (MDB). Seu depoimento era estratégico para a defesa de Garnier, investigado por suposto envolvimento no plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

Entre 19 de maio e 2 de junho, o STF ouviu 52 testemunhas no inquérito que apura a suposta trama golpista do chamado “núcleo 1”, que inclui Bolsonaro entre os oito réus.

Artigo Anterior

Arrumadores na Capatazia reforçam luta nacional em defesa do trabalho portuário

Próximo Artigo

Negros, gays, judeus, HIV: as piadas que fizeram Léo Lins ser condenado

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!