Um corredor de fumaça originado por incêndios na Amazônia tem se espalhado pelo céu de diversos municípios brasileiros e países vizinhos.
Imagens de satélite da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) mostram a densa nuvem de poluição se estendendo de Manaus, no Amazonas, até Porto Alegre. A nuvem de fumaça avança a mais de 1,6 milhão de quilômetros por hora e tem afetado a qualidade do ar em várias regiões.
No primeiro semestre de 2024, o Brasil registrou um recorde de queimadas na Amazônia, com 14.250 focos de incêndio, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além de reduzir a visibilidade, a fumaça afeta diretamente a qualidade do ar. Porto Alegre, por exemplo, sofreu uma diminuição na visibilidade na quinta-feira (15), enquanto Porto Velho, em Rondônia, apresenta os piores índices de qualidade do ar do país desde o início de agosto.
O mapa divulgado pela NOAA ilustra a concentração de partículas de poeira e fumaça, que se deslocam da Amazônia até o Rio Grande do Sul. O fenômeno, que também passa por países como Peru, Bolívia e Paraguai, não é inédito. Eventos semelhantes ocorreram em anos anteriores devido a queimadas em outras regiões, como no Pantanal em 2020.
A Fiocruz Amazônia emitiu um comunicado alertando sobre os impactos à saúde da fumaça em Manaus, recomendando o uso de máscaras com filtro. O epidemiologista Jesem Orellana destacou que a exposição à fumaça pode agravar doenças respiratórias e cardiovasculares, como rinite e asma, e pode levar a condições mais graves como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
A meteorologista Estael Sias, da MetSul, classificou o fenômeno como “rios voadores”, explicando que a falta de chuva e o vento têm contribuído para a disseminação da fumaça. Embora a situação em Porto Alegre seja menos preocupante do que em Manaus e Porto Velho, a cidade ainda enfrenta dias de céu cinzento.
A Superlua do dia 19 também foi afetada pela fumaça, apresentando tons alaranjados devido ao bloqueio da passagem de luz solar. A expectativa é que uma massa de ar polar, prevista para chegar ao sul do Brasil a partir de quinta-feira (22), traga temporais e ajude a “limpar a atmosfera”.
No Amazonas, a situação é crítica, com hospitais lotados devido a problemas respiratórios causados pela fumaça. Moradores de Manaus relatam um aumento de problemas de saúde em crianças e adultos, associados à poluição do ar. A exposição prolongada à fumaça tem causado sintomas como tosse, dificuldade para respirar e irritação nos olhos.
⏯️ Queimadas na Amazônia fizeram corredor de fumaça que afeta 10 estados
Segundo especialistas, esta é a pior temporada em 17 anos. Só no mês de agosto, mais de 22 mil focos de queimadas foram registrados
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— Metrópoles (@Metropoles) August 21, 2024
A fumaça do norte do país está se deslocando para o sul 👀.
Grande quantidade de incêndios ao longo da BR 230 e 163 criaram nuvens de fumaça que vão chegar a outra banda do Brasil nesta semana. pic.twitter.com/M1GjwOAqC0
— Maya do IPAM (@IPAM_Amazonia) August 20, 2024