
O reitor de Harvard, Alan Garber, saudou calorosamente os estudantes estrangeiros durante a cerimônia de formatura da universidade nesta quinta-feira (29), no que foi interpretado como um claro recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Bem-vindos, membros da turma de 2025 da vizinhança, de todo o país e de todo o mundo”, afirmou ele, complementando com ênfase: “De todo o mundo, exatamente como deve ser”, frase que arrancou aplausos da plateia.
O discurso ocorre no auge de uma disputa entre a prestigiada instituição e o governo Trump, que tenta restringir a presença de alunos imigrantes no campus. Atualmente, esses estudantes representam 27% do corpo discente de Harvard, cerca de 6.800 matrículas no ano letivo vigente.
Em meio a ofensivas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a presença de estudantes estrangeiros em Harvard, o reitor da universidade, Alan Garber saudou a comunidade internacional ao discursar na cerimônia de formatura da instituição, nesta quinta-feira (29).… pic.twitter.com/rmDGUjSZEc
— Folha de S.Paulo (@folha) May 29, 2025
Guerra entre Trump e Harvard
A polêmica começou na semana passada quando o governo anunciou o fim do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio, medida que durou menos de 24 horas. Harvard entrou com ação no Tribunal Federal de Boston, e a juíza Allison Burroughs bloqueou a decisão por 15 dias.
Não satisfeito, o Departamento de Segurança Interna notificou a universidade na quarta-feira (28) sobre a intenção de proibir novas matrículas de estudantes internacionais, dando 30 dias para resposta. A estratégia representa uma mudança tática após o fracasso da tentativa de banimento imediato.
Durante audiência nesta quinta, a juíza Burroughs sinalizou que deve emitir uma liminar mais ampla para manter o status quo enquanto o processo segue seu curso. Harvard argumenta que as medidas violam seus direitos de liberdade de expressão e devido processo legal.
A ofensiva contra Harvard se insere em um cenário mais amplo de tensão entre o governo Trump e universidades de elite. A justificativa oficial é o combate ao que chamam de “antissemitismo” nos protestos contra a guerra em Gaza que tomaram os campi no ano passado.
Enquanto Columbia, outra instituição de prestígio, cedeu às pressões governamentais, Harvard resiste às exigências de expulsar alunos envolvidos em protestos e revisar programas sobre Oriente Médio. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, acusou a universidade de “fomentar a violência e o antissemitismo”, alegações feitas sem apresentar provas concretas.