VÍDEO: “O MBL me apoia”, diz deputado que queria votar contra cassação de Glauber

O deputado federal Leo Prates. Foto: reprodução

No diálogo que expôs a pressão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do líder do PL, Sóstenes Cavalcante, para levar ao plenário o projeto que reduz penas de condenados pela trama golpista e na sequência votar a possível cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP), o deputado Leo Prates (PDT-BA) confessou a colegas que não poderia se posicionar com o pesolista para não perder apoio do Movimento Brasil Livre (MBL).

“Se tirar um mandato lá tem que ser uma coisa mais grave. Eu só não posso votar abertamente com o Glauber abertamente porque o MBL da Bahia me apoia. Então eu não vou votar, porque eles precisam botar 257 votos na urna para cassar”, disse Prates a aliados.

No fim, por 318 votos a 141, com 3 abstenções, Glauber foi afastado do Congresso por 6 meses, enquanto o objetivo original da direita e do Centrão seria sua cassação. “Se você não votar, você já ajudou”, disse Prates ainda na terça-feira (9) no diálogo flagrado pelo jornal O Globo.

Já a dosimetria, aprovada na madrugada de quarta-feira (10) por 291 votos a favor, 148 contra e uma abstenção, foi interpretada por deputados como resposta direta ao atraso no pagamento de emendas, assim como a perseguição a Braga.

Todo o diálogo aconteceu instantes após a reunião de líderes em que Motta confirmou a votação do texto, que ainda seguirá ao Senado. Em um canto do plenário, sem notar que eram ouvidos, Prates e outros parlamentares do PDT discutiam a pressão exercida pela oposição e seus reflexos na pauta da Casa.

A conversa, interrompida posteriormente pela retirada de jornalistas e assessores devido à ocupação da cadeira da Presidência por Glauber Braga (PSOL-RJ), expôs o clima de irritação que tomou conta dos aliados.

Leo Prates relatou que a tensão ficou evidente quando o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), reclamou que apenas 58% das emendas impositivas haviam sido pagas pelo governo. Segundo o deputado, a cobrança abriu caminho para a inclusão da pauta que interessava à oposição.

“Você não viu a narrativa de quando veio a pauta? O Sóstenes disse que pagou 58% das emendas. O Hugo Motta veio e disse: ‘Eu preciso da ajuda para pagar’. Aí o Lindbergh e o Guimarães disseram: ‘Até 30 de dezembro paga’. Aí veio essa pauta”, afirmou Prates. Em seguida, completou: “Eu sabia que vinha esculhambação. São quatro cassações e a dosimetria. Isso é pra trocar”.

O PDT evitou comentar o episódio posteriormente, e Motta também não se manifestou. Mas Prates insistiu, na conversa flagrada, que a oposição condicionava o avanço das votações ao destravamento das emendas. “Ele falou: “Ou destrava, ou a Casa não anda’”, relatou outro parlamentar presente.

Os dados reforçam a fonte da disputa: das emendas totais, R$ 38,24 bilhões estão empenhados, o equivalente a 75,9% do orçamento. Apenas R$ 26,54 bilhões foram pagos, ou 52,7% do total autorizado. Nas emendas individuais, o pagamento chegou a 75,6% do empenhado, enquanto bancadas e comissões registram execuções mais baixas, na casa dos 30%.

A tensão entre Planalto e Câmara se refletiu até mesmo nas intenções de voto. Alguns deputados mencionaram a possibilidade de apoiar o projeto da dosimetria em sinal de descontentamento com o governo. No fim, Leo Prates se ausentou da votação, enquanto seus colegas Mauro Benevides e Leônidas Cristino votaram contra a proposta.

O texto aprovado da dosimetria reduz penas ao impedir a soma de crimes relacionados ao Estado Democrático de Direito e prevê atenuantes para réus sem papel de liderança ou financiamento. Inicialmente, o PL pressionava por anistia total, mas acabou recuando e aceitando a diminuição de punições para garantir a votação.

Já os deputados Glauber Braga e Carla Zambelli, condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não foram cassados. Motta anunciou também a votação sobre os mandatos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), foragidos nos Estados Unidos.

Artigo Anterior

Seis tendências para atração e seleção de estagiários em 2026

Próximo Artigo

Decisões sobre poupar Zambelli e punir Glauber revelam duplo padrão da Câmara

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!