Na última sexta-feira, vieram a público imagens das câmeras corporais de policiais da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), durante a Operação Escudo, no Guarujá, na Baixada Santista, no estado de São Paulo, em julho de 2023. As imagens, do dia 29, mostram um diálogo entre policiais, que comemoram ao receber a notícia de que um homem havia sido morto. A operação deslanchou uma matança contra a população após o assassinato de um policial. Ao final de 40 dias, 28 pessoas haviam sido mortas.

O homem baleado era Cleiton Barbosa Moura, ajudante de calceteiro de 24 anos, que estava com seu bebê no colo ao ser abordado. No vídeo, é possível ouvir:

“Acabou de chegar! Um indivíduo! Até que enfim, hein! Joga aí na rede, joga no grupo. Aê! Agora, sim!”

“Sabe o que vai ser pior? Hoje vai acabar. Eles vão cortar. É que nem 2006, mano. Quem matou, matou. Quem não matou, não vai matar mais.”

Em 2006, após o PCC (Primeiro Comando da Capital) lançar uma ofensiva que matou 59 policiais, a polícia respondeu matando 505 civis em 10 dias.

Uma reportagem no portal UOL dá detalhes sobre o caso ocorrido no Guarujá:

“Quando eles [policiais] chegaram em todos os becos, desceram da viatura, já foram invadindo as casas. Aí encontraram o Cleiton na entrada da casa dele. Como ele tava com a criança no colo, ele entrou”. Os policiais teriam entrado na sequência. “Pegaram a criança do colo dele, entregaram para outra criança, maiorzinha, que estava perto, aí pegaram ele [Cleiton] pela parte do gogó e arrastaram ele até uma parte do beco, que dá saída para a maré. Lá, mataram o rapaz.”

Segundo a polícia, Cleiton teria fugido e disparado contra os policiais. A ocorrência de troca de tiros foi negada por todas as testemunhas. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo afirmou que “todos os casos de mortes decorrentes de intervenção policial são rigorosamente apurados, com acompanhamento das Corregedorias, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Além disso, são instauradas comissões de mitigação de riscos, que analisam as ocorrências a fim de identificar eventuais não conformidades”.

Esse caso demonstra aquilo que já estava claro quando da realização da Operação Escudo, denunciada neste Diário. A operação tinha por objetivo aterrorizar e executar a população pobre, como vingança pela morte do policial. Mais que isso, não apenas essa operação, como as instituições repressivas como um todo, em particular a polícia militar e em particular seus destacamentos especiais, são armas de guerra contra a população, contra os trabalhadores.

As polícias precisam ser dissolvidas, pois funcionam como uma burocracia armada que está acima da população e que, na prática, não faz cumprir, mas é em si a lei. Essa tropa armada que pratica uma ditadura nas favelas e periferias, e no País como um todo, deve ser desmantelada e substituída pela população armada, organizada em milícias populares eleitas localmente, pelas próprias comunidades.

Afinal, a polícia não serve à segurança da população, como demonstrado neste caso, mas ao contrário, praticando execuções como rotina de norte a sul do Brasil. Apenas os trabalhadores têm o interesse na sua segurança, portanto, deve caber aos trabalhadores o exercício da segurança, pondo fim ao terror imposto pelas polícias do Estado capitalista.

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Last Update: 08/06/2025