Marina Silva, ministra do Meio Ambiente. Foto: reprodução

A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, voltou a ser alvo de ataques no Congresso Nacional nesta quarta-feira (2), durante uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. Convocada para prestar esclarecimentos sobre o avanço das queimadas e do desmatamento no país, Marina enfrentou uma série de críticas, ofensas pessoais e tentativas de deslegitimar sua trajetória política e ambiental.

Um dos momentos mais tensos do debate foi protagonizado pelo deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), que acusou a ministra de representar um “adestramento de esquerda” e ter um discurso “golpista que vale para um lado e não vale para o outro”. O bolsonarista ainda comparou a estratégia de Marina às “táticas revolucionárias das FARC colombianas, do Hamas e do Hezbollah”.

Em tom agressivo, o parlamentar atacou a história de vida de Marina, afirmando: “A senhora tem dificuldades com o agronegócio, porque a senhora nunca trabalhou, a senhora nunca produziu, não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho. Todo mundo sabe, o mundo sabe que a senhora tem um discurso alinhado com essas ONGs internacionais”.

O mesmo deputado ainda chamou a ministra de mal-educada. Com postura firme e tranquila, Marina respondeu: “Eu fiz uma longa oração. E eu pedi a Deus que me desse muita calma, muita tranquilidade, porque eu sabia que depois do que aconteceu, aqueles que gostam de abrir a porteira para o negacionismo, para a destruição do meio ambiente, para o machismo, para o racismo, as pessoas iam achar muito normal fazer o que está acontecendo aqui no nível piorado, mas acho que Deus me ouviu e eu estou em paz”.

A ministra ainda acrescentou que prefere agir com princípios, mesmo diante de agressões: “Eu estou em paz, porque tem uma palavra que eu repito sempre o que eu aprendi com o apóstolo Paulo que diz o seguinte: ‘É preferível sofrer injustiça do que praticar uma injustiça’. E eu prefiro sofrer injustiças do que praticá-las, porque quando você pratica uma injustiça pode ter certeza que um dia a reparação virá. Quando você é injustiçado, a justiça virá”.

“Quando um homem levanta a voz, vocês dizem que estão sendo incisivos, contundentes. Quando uma mulher levanta a voz levanta a voz…”, iniciou a ministra sem poder concluir o pensamento, pois foi interrompida por parlamentares bolsonaristas.

Outros parlamentares da comissão também atacaram a ministra. O presidente da comissão, deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), declarou que Marina “protagoniza hoje um dos capítulos mais contraditórios e desastrosos da política ambiental brasileira”. Ele afirmou que, sob a gestão da ministra, “o desmatamento na Amazônia aumentou 482%” e ironizou: “A culpa hoje é de São Pedro”.

As declarações foram criticadas por setores ambientalistas, que lembram que os índices citados por Nogueira não correspondem a dados oficiais consolidados e omitem recortes metodológicos. Especialistas destacam que o desmatamento teve queda significativa em 2023 em comparação aos anos anteriores da gestão Bolsonaro, embora ainda enfrente desafios estruturais complexos.

Essa não é a primeira vez que Marina é alvo de ataques no Legislativo. Em maio, ela abandonou uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado após o senador Plínio Valério (PSDB-AM) fazer declarações consideradas ofensivas.

O parlamentar afirmou que desejava “separar a mulher da ministra”, pois “a mulher merecia respeito” e a ministra, não. Marina exigiu um pedido de desculpas imediato e deixou a sessão após a negativa do senador.

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Last Update: 02/07/2025