O presidente criticou a decisão do Copom de manter a taxa de juros em 10,5% e voltou a questionar a autonomia do Banco Central (BC).
Citando o ex-presidente do BC Henrique Meirelles, ele questionou a autonomia de Roberto Campos Neto, atual chefe da instituição, e perguntou a quem ele estaria “servindo”.
“Meirelles tinha autonomia comigo tanto quanto teve o rapaz de hoje, só que o Meirelles era um cara que eu tinha o poder de retirar, como o Fernando Henrique Cardoso tirou tantos e outros tiraram tantos. Aí entenderam que era importante colocar alguém que tivesse um BC independente e que tivesse autonomia. Autonomia de quem? Autonomia para servir quem, para atender quem?”, questionou.
Na sequência, ele lamentou a decisão do Copom e afirmou que é “uma pena” manter a taxa de juros no atual patamar, apontando que quem mais sofre com ela é o “povo trabalhador”.
“Eles preferem, ao invés de fazer crédito, ganhar dinheiro através de uma taxa de juros de 10,5%. Foi uma pena que o Copom manteve, porque quem está perdendo com isso é o Brasil. Quanto mais a gente pagar de juros, menos dinheiro a gente tem para investir aqui dentro”, afirmou o presidente.
A declaração foi dada em entrevista à Rádio Verdinha, do Ceará, nesta quinta (20), após o Copom interromper a queda na taxa de juros, que vinha sofrendo quedas por sete reuniões consecutivas desde agosto do ano passado, quando a Selic estava em 13,75%.
❌ Presidente Lula ressaltou que o presidente da República não se mete nas decisões do Copom, lamentou a decisão do Banco Central por manter o juros a 10,5% e criticou Roberto Campos Neto.
De @GloboNews pic.twitter.com/zf3TrRxt4d
— Central da Política (@centralpolitcs) June 20, 2024
Essa é a segunda vez que Lula critica Campos Neto na semana. Na última terça (18), em entrevista à rádio CBN, o presidente afirmou que ele tem “lado político” e “trabalha para prejudicar o país”. O petista ainda citou o jantar promovido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em homenagem ao presidente do BC.
O evento feito pelo bolsonarista gerou até uma ação do PT, que acionou a Justiça para tentar proibir o chefe da autarquia de dar declarações “de natureza político-partidárias”. A ação foi protocolada após ser noticiado que Campos Neto tem articulado uma vaga num eventual governo Tarcísio na Presidência em 2026.
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