O tenente-coronel Mauro Cid em delação premiada. Foto: reprodução

Em depoimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em novembro do ano passado, o tenente-coronel Mauro Cid, delator no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado, afirmou que um juiz do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) repassava informações sobre a agenda do ministro para militares envolvidos na trama bolsonarista.

As declarações de Cid, que foram divulgadas nesta quinta-feira (20), revelam detalhes sobre o monitoramento de Moraes, que teria sido solicitado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Sobre o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, reforço o que eu falei aquela vez, foi pedido pelo presidente Bolsonaro, e o contato lá do coronel Câmara era um elemento do TSE. Eu não sei, eu não tenho contato, eu nunca falei, eu nunca”, disse Cid em depoimento à Polícia Federal (PF) no dia 19 de novembro.

Trocas de mensagens entre Cid e o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor especial da Presidência no governo Bolsonaro, mostram que eles usavam o codinome “professora” para se referir a Moraes.

A investigação da PF identificou que a ação golpista envolvia um plano de assassinato de autoridades, incluindo Moraes, e que o ministro chegou a ser monitorado por militares de um batalhão especial do Exército apelidado de “kids pretos”.

Em uma das mensagens, no dia 16 de dezembro de 2022, Câmara enviou para Cid uma informação sobre a agenda de Moraes: “Viajou para São Paulo hoje, retorna na manhã de segunda-feira e viaja novamente pra SP no mesmo dia. Por enquanto só retorna a Brasília pra posse do ladrão. Qualquer mudança que saiba lhe informo”.

No depoimento a Moraes no dia 21 de novembro, Cid confirmou que o monitoramento do ministro foi solicitado por Bolsonaro e que o coronel Câmara tinha um contato no TSE que fornecia informações.

“Sobre uma coisa que eu acho que é interessante, é sobre o monitoramento do Senhor, né, no que diz respeito o contato que a gente tinha ciência. O monitoramento… A informação do dia 16, ela foi pedida por esse pessoal, né? A pessoa queria saber por onde o Senhor ia tá. E eu perguntei para o Coronel Câmara, né, e eu não sei, não sei bem quem era… não conheço o contato dele. Inclusive, uma informação que eu sei, né, até, é que um dos contatos dele era um juiz, eu não dizer função, mas é um juiz do TSE”, afirmou Cid.

O militar recuou ao afirmar que não sabia se o juiz repassava toda a agenda de Moraes, mas destacou que ele auxiliava as Forças Armadas na redação de documentos.

“Não sei se ele tinha acesso à agenda do ministro. Eu, assim, eu não posso dizer que era ele. Eu sei que, na parte do TSE […] Na parte de urnas, aquele negócio todo, quem passava as informações era ele, a parte mais técnica, ali, da coisa. E o último monitoramento, a gente faz aquela brincadeira, né, professora tal, foi… essa aí foi o presidente que pediu. Essa aí foi o próprio presidente que pediu”, disse.

Moraes, ao interrogar Cid, corrigiu o delator ao afirmar que o contato no TSE não era um ministro, mas um juiz. “Não é um ministro, é um juiz que nós já identificamos”, disse o magistrado, sem citar nomes.

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Last Update: 20/02/2025